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ELIANE CANTANHÊDE
Enquanto o dilúvio não vem
BRASÍLIA - Quando a Petrobras
avisa que vai aumentar o preço do
gás em até 25%, leia-se: vai ter racionamento branco. Pela lógica, toda vez que que você quer diminuir o
consumo, aumenta o preço.
Todos os passos do governo, aliás,
demonstram que a possibilidade de
desabastecimento é bastante alta. O
consumidor que se cuide.
O primeiro passo foi engolir em
seco e decidir investir novamente
na exploração de gás na Bolívia,
apesar de toda a má-criação do presidente Evo Morales, que desapropriou as refinarias brasileiras, com
o requinte de botar o Exército na
parada. Voltar a investir no país
certamente não é porque a diplomacia brasileira é boazinha, a Bolívia é pobrezinha e Morales é muy
amigo. É o medo, puro e simples.
O segundo passo foi a decisão de
reduzir a oferta no Rio e em São
Paulo para abastecer as usinas termelétricas, enquanto São Pedro
não colabora e não manda um dilúvio. A CEG (RJ) e a Comgás (SP) foram informadas. Quem boiou, a seco, foram os consumidores.
Uma solução agora passa pelas
chuvas e pela recuperação do nível
dos reservatórios. Mas é tempo de
retomar a discussão sobre a energia
nuclear, vetada no primeiro mandato e estimulada por Lula no segundo, além das energias alternativas. E aprender que nem você nem
país nenhum deve se ancorar no
que não tem. Senão fica nas mãos
dos Evo Morales e rezando pelo poço de Tupi, salvação da lavoura.
Efeito colateral: Dilma Rousseff
nunca foi candidata, não tem origem no PT e sua classificação como
presidenciável é sempre acompanhada do adjetivo "competente".
Mas ela é a "dona" do setor de energia e do PAC. A energia evapora. E,
ontem, a ONG Contas Abertas avisou que, em 10 meses, o governo só
reservou 50% da verba prevista para o programa mais ambicioso do
governo e da própria Dilma.
Assim, ministra, fica difícil viabilizar qualquer candidatura.
elianec@uol.com.br
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