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CLÓVIS ROSSI
Quando o erro é anônimo
SÃO PAULO - A "Tribune", que
edita, entre outros, os jornais "Chicago Tribune" e "Los Angeles Times", está na iminência da bancarrota. Já o "New York Times", que é
um pouco sinônimo de grande jornal, vai hipotecar sua sede para
obter liqüidez.
São notícias que levarão água para o moinho dos que acreditam que
o jornal em papel está condenado à
morte -e eventualmente súbita.
Calma. Só parte das dificuldades
dessas empresas está de fato vinculada à queda na vendagem e, principalmente, na receita publicitária,
fenômeno mais agudo nos Estados
Unidos e em países europeus do
que nos chamados mercados emergentes, Brasil inclusive.
Mais calma ainda nos festejos pela substituição do papel pelos
"blogs", "twitters" e demais bossas
da informação on-line ou por telefone. Democratiza mais a informação? Sim. Melhora a sua qualidade?
Não necessariamente.
Os "twitters", aquelas mensagens
curtas enviadas pelo celular, chegaram a ser celebrados como principal fonte de informação, por exemplo, no caso dos atentados em
Mumbai, na Índia.
Agora, a BBC acaba de se desculpar por ter sido descuidada em usar
um rumor (que se revelou falso) difundido via "twitter". "Deveríamos
ter checado antes e só divulgado depois, se confirmada a informação"
(o que não aconteceria), admite o
editor Steve Herrmann.
O leitor, se consulta regularmente a internet, sabe que se trata de
território livre para boato, informação interessada, lobbies nem sempre honestos nem legítimos, fantasias, teorias malucas ou venenosas
etc. etc. etc.
Não que os jornais sejam santos
ou perfeitos. Mas, em caso de erro, o
leitor sabe a quem reclamar, pois
tem o endereço, o telefone, o CNPJ,
o e-mail, o ombudsman. Nos "twitters" da vida e seus parentes, o erro
é anônimo.
Pior para o leitor.
crossi@uol.com.br
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