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RUY CASTRO
Querelas em torno de Tom
RIO DE JANEIRO - Ontem, 15
anos da morte de Tom Jobim. Bem
à brasileira, o silêncio pela data foi
esmagador. Alguns clipes e rádios
lembraram sua música, mas não se
observou nada especial ou novos
CDs que não contivessem os mesmos e tão sovados fonogramas.
E ainda há muito de Tom a descobrir. Principalmente nas catacumbas das gravadoras Continental e
Odeon, em que ele trabalhou como
arranjador ou maestro, em discos
de Dick Farney, Dalva de Oliveira,
Orlando Silva e outros.
Nas últimas semanas, Tom tem
sido mais citado em querelas que
passam ao largo de sua obra. Outro
dia, no próprio aeroporto que o homenageia, o Galeão-Tom Jobim,
um urubu distraiu-se e entrou pela
turbina de um avião que acabara de
decolar, o qual teve de voltar à pista.
Isso vive acontecendo. O cruel é que
aconteça com urubus, que Tom
adorava, e, com frequência, no Galeão, palco de manchetes indignas
de sua memória: "Tom Jobim atrasa 20 voos", "Tom Jobim caindo aos
pedaços", "Cocaína apreendida no
Tom Jobim". Foi para isso que deram seu nome ao aeroporto?
Outro arranca-rabo envolve a nova saída do metrô carioca a ser inaugurada: a de Ipanema. Alguns querem chamá-la de Tom Jobim; outros, de General Osório, em cuja
praça fica, para que os turistas não a
confundam com o aeroporto. Ao
mesmo tempo, corre a pendenga
sobre a localização de sua futura estátua: na praia ou na dita saída do
metrô? E há os que querem mandar
de vez para a reserva o velho Osório
e dedicar a praça a Tom, que tanto a
amou e namorou nela.
Em São Paulo, Tom Jobim (assim
como Paulo Autran e Ayrton Senna) é um túnel. Mas, se a ideia de batizar um logradouro é o grande homem ter o seu nome imortalizado
em envelopes, postais, telegramas
etc., esta se frustrou -porque ninguém escreve para um túnel.
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