São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

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A CARTADA DE ALCKMIN

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, fez o primeiro movimento público na disputa que vai decidir quem será o candidato tucano ao Planalto nas eleições de outubro. Disse que deixará o governo até 1º de abril, tornando-se apto, pela lei, a concorrer à Presidência.
Em relação ao seu principal oponente dentro do partido -o prefeito de São Paulo, José Serra-, Alckmin tem pouco a perder ao deixar o posto e pleitear a candidatura a presidente. Perderá pouco se for o postulante preterido, pois ainda poderá escolher entre candidatar-se ao Senado ou à Câmara dos Deputados.
Até as conseqüências de uma hipotética derrota do candidato do PSDB no pleito presidencial seriam menos danosas para Alckmin do que para Serra. Tudo porque Alckmin encerra em 2006 seu segundo mandato -governou metade do primeiro, após a morte de Mário Covas-, enquanto Serra teria de deixar a prefeitura com 15 meses de gestão.
O governador se valeu dessa vantagem sobre o prefeito para criar o primeiro fato político da sucessão. Antecipar campanha, exposição na mídia, viagens, formação de equipes de assessores, interlocução com financiadores é atitude que só pode ajudar Alckmin a tentar obter algo essencial que ainda lhe falta na comparação com Serra: um desempenho melhor nas pesquisas de intenção de voto.
Nas sondagens, o prefeito aparece como o favorito para o Planalto. De acordo com o Datafolha de 13 e 14 de dezembro, Serra lidera a simulação para o primeiro turno e, no segundo turno, bateria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 14 pontos percentuais de vantagem. O desempenho de Alckmin melhorou bem -tem 22% de intenções de voto no turno inicial e empata com Lula no final-, mas não indica vitória inequívoca se a eleição fosse hoje.
Alckmin argumenta que, onde é conhecido, vai melhor que Serra. No Estado de São Paulo, teria 65% dos votos no segundo turno contra Lula (25%); o prefeito derrotaria o presidente por 57% a 30%. Tudo, diz o governador, seria uma questão de o público brasileiro conhecê-lo melhor.
A estratégia de Alckmin pode até falhar, pois não é do estilo de Serra assistir ao avanço de um adversário sem reagir, mas, do ponto de vista do governador, faz todo sentido.


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