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A CARTADA DE ALCKMIN
O governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, fez o primeiro movimento público na disputa que vai decidir quem será o candidato tucano ao Planalto nas eleições
de outubro. Disse que deixará o governo até 1º de abril, tornando-se apto, pela lei, a concorrer à Presidência.
Em relação ao seu principal oponente dentro do partido -o prefeito
de São Paulo, José Serra-, Alckmin
tem pouco a perder ao deixar o posto
e pleitear a candidatura a presidente.
Perderá pouco se for o postulante
preterido, pois ainda poderá escolher entre candidatar-se ao Senado
ou à Câmara dos Deputados.
Até as conseqüências de uma hipotética derrota do candidato do PSDB
no pleito presidencial seriam menos
danosas para Alckmin do que para
Serra. Tudo porque Alckmin encerra
em 2006 seu segundo mandato
-governou metade do primeiro,
após a morte de Mário Covas-, enquanto Serra teria de deixar a prefeitura com 15 meses de gestão.
O governador se valeu dessa vantagem sobre o prefeito para criar o primeiro fato político da sucessão. Antecipar campanha, exposição na mídia, viagens, formação de equipes de
assessores, interlocução com financiadores é atitude que só pode ajudar
Alckmin a tentar obter algo essencial
que ainda lhe falta na comparação
com Serra: um desempenho melhor
nas pesquisas de intenção de voto.
Nas sondagens, o prefeito aparece
como o favorito para o Planalto. De
acordo com o Datafolha de 13 e 14 de
dezembro, Serra lidera a simulação
para o primeiro turno e, no segundo
turno, bateria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 14 pontos
percentuais de vantagem. O desempenho de Alckmin melhorou bem
-tem 22% de intenções de voto no
turno inicial e empata com Lula no final-, mas não indica vitória inequívoca se a eleição fosse hoje.
Alckmin argumenta que, onde é
conhecido, vai melhor que Serra. No
Estado de São Paulo, teria 65% dos
votos no segundo turno contra Lula
(25%); o prefeito derrotaria o presidente por 57% a 30%. Tudo, diz o governador, seria uma questão de o público brasileiro conhecê-lo melhor.
A estratégia de Alckmin pode até
falhar, pois não é do estilo de Serra
assistir ao avanço de um adversário
sem reagir, mas, do ponto de vista do
governador, faz todo sentido.
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