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OS EUA E O COMÉRCIO
O subsecretário do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA, Thomas
Shannon, não esconde que a estratégia de seu país é isolar o Mercosul. O
meio escolhido é assinar acordos bilaterais com outros países do continente. A atitude visa reduzir resistências de Brasil e Argentina à Alca (Área
de Livre Comércio das Américas).
Essa agenda dos EUA já resultou
em acordos com o Canadá, o México, o Chile, o Peru e com quase todos
os países da América Central. Há negociações em curso com o Panamá,
a Colômbia e o Equador.
O objetivo dos Estados Unidos é
forçar negociações bilaterais, nas
quais os países, isolados, não conseguem resistir à pressão para assinar
acordos predefinidos. Foi para tentar
fugir dessa assimetria de poder que
Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai formaram o Mercosul. Os países membros colocariam na mesa de
negociação uma posição conjunta.
Nas negociações para a Alca, o
Mercosul pretende ampliar o acesso
ao mercado americano de produtos
agrícolas e deixar para a OMC (Organização Mundial do Comércio) os temas mais complexos: propriedade
intelectual, compras governamentais etc. Os EUA, por sua vez, somente aceitam negociar a questão agrícola em âmbito multilateral. As negociações ficam, então, paralisadas.
O problema é complexo e não há
soluções óbvias e sem custos. O Brasil poderia aproveitar o momento favorável -brasileiros e americanos
atuaram juntos na OMC contra os
subsídios agrícolas- para retomar
conversas sobre a Alca. Garantir
acesso ao maior mercado do mundo
interessa a qualquer país. Brasília
não deveria negligenciar essa alternativa -como vem fazendo-, mas
preparar-se diplomática e tecnicamente para realizar um bom acordo.
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