São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OS EUA E O COMÉRCIO

O subsecretário do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA, Thomas Shannon, não esconde que a estratégia de seu país é isolar o Mercosul. O meio escolhido é assinar acordos bilaterais com outros países do continente. A atitude visa reduzir resistências de Brasil e Argentina à Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Essa agenda dos EUA já resultou em acordos com o Canadá, o México, o Chile, o Peru e com quase todos os países da América Central. Há negociações em curso com o Panamá, a Colômbia e o Equador.
O objetivo dos Estados Unidos é forçar negociações bilaterais, nas quais os países, isolados, não conseguem resistir à pressão para assinar acordos predefinidos. Foi para tentar fugir dessa assimetria de poder que Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai formaram o Mercosul. Os países membros colocariam na mesa de negociação uma posição conjunta.
Nas negociações para a Alca, o Mercosul pretende ampliar o acesso ao mercado americano de produtos agrícolas e deixar para a OMC (Organização Mundial do Comércio) os temas mais complexos: propriedade intelectual, compras governamentais etc. Os EUA, por sua vez, somente aceitam negociar a questão agrícola em âmbito multilateral. As negociações ficam, então, paralisadas.
O problema é complexo e não há soluções óbvias e sem custos. O Brasil poderia aproveitar o momento favorável -brasileiros e americanos atuaram juntos na OMC contra os subsídios agrícolas- para retomar conversas sobre a Alca. Garantir acesso ao maior mercado do mundo interessa a qualquer país. Brasília não deveria negligenciar essa alternativa -como vem fazendo-, mas preparar-se diplomática e tecnicamente para realizar um bom acordo.


Texto Anterior: Editoriais: CASSAÇÕES EM DÚVIDA
Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Torres Freire: Alckmin no páreo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.