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CLÓVIS ROSSI
"Fast journalism"
SÃO PAULO - Quem perdeu a primária democrata de New Hampshire foi o jornalismo "fast food", esse
que se sente compelido a projetar
às pressas o futuro com base só em
um microfragmento do presente.
Perderam também os institutos
de pesquisa, que davam entre sete e
dez pontos de vantagem para Obama, apenas para ver o triunfo de Hillary Clinton.
Agora, começam as explicações
para o erro de informação que foi
atribuir New Hampshire a Obama,
mas, por incrível que pareça, reincide-se no "fast journalism".
Uma das supostas explicações: as
mulheres se comoveram com as
(raríssimas) lágrimas de Hillary em
um evento de campanha e correram a ampará-la com seu voto. Pode até ser, mas, que pelo leio na mídia internacional, ninguém foi perguntar a um número representativo de mulheres de New Hampshire
se foi isso mesmo.
Meu palpite (e com isso me dou o
direito de cenas explícitas de "fast
journalism") é o de que a grande
maioria dos analistas cometeu o erro de tomar Iowa como sinônimo
de Estados Unidos. Seria o mesmo
que aceitar que uma situação eleitoral de, digamos, Roraima fosse representativa do Brasil.
O fato é que, antes como depois
de Iowa, Hillary está à frente na intenção nacional de voto, com cômoda vantagem de uns 20 pontos. Nada mais natural que New Hampshire faça parte desse sentimento nacional pró-Hillary, ainda que em
menor escala. Bem menor, aliás.
Ou, posto de outra forma, a surpresa não foi a vitória da candidata
em New Hampshire, mas a sua derrota em Iowa. Ponto.
Voltando ao jornalismo não tão
"fast": nem morreu a "Obamamania" nem Hillary Clinton está condenada a ganhar todas as demais
primárias só porque ganhou em
New Hampshire. É dizer o óbvio? É.
Mas é melhor sabedoria convencional que chute.
crossi@uol.com.br
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