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EMÍLIO ODEBRECHT
A imprensa e o novo Brasil
NO FINAL do ano passado, a
revista "The Economist"
brindou-nos com uma matéria de capa cujo título era: "O
Brasil decola". A reportagem chama nosso país de maior história de
sucesso da América Latina. Lembra que fomos os últimos a entrar
na crise de 2008 e os primeiros a
sair e especula que possamos nos
tornar a quinta potência econômica do globo dentro de 15 anos.
Não é apenas a revista inglesa
que vem falando dos avanços aqui
obtidos nos campos institucional,
social e econômico nas últimas décadas. Somos hoje referência no
mundo e um exemplo para os países em desenvolvimento, vistos como uma boa-nova que surge abaixo
da linha do Equador.
Diante disto, me pergunto se a
imprensa brasileira está em sintonia com a mundial -que aponta
nossos defeitos, mas reconhece
nossos méritos.
Tal dúvida me surge porque há
um Brasil que dá certo e que aparece pouco nos meios de comunicação. Aparentemente, o destaque é
sempre dado ao escândalo do dia.
Isso deixa a sensação de que não
estamos conseguindo explicar aos
brasileiros o que a imprensa internacional tem explicado aos europeus, norte-americanos e asiáticos.
Tornar públicas as mazelas é
obrigação da imprensa em um país
livre. Mas falar somente do que há
de ruim na vida nacional, dia após
dia, alimenta e realimenta a visão
negativa que o brasileiro ainda tem
de si.
Se as coisas por aqui caminham
para um futuro mais promissor, é
porque, em vários âmbitos, estamos fazendo o que é o certo.
Para líderes políticos, empresariais e sociais dos países que precisam encontrar o caminho do progresso, conhecer nossas experiências bem sucedidas pode ser o que
buscam para desatar os nós que
ainda os prendem na pobreza e no
subdesenvolvimento.
O fato é que, ficando nos estreitos limites do senso comum, a sensação é de que a imprensa, de uma
forma geral, considera o que é bem
feito uma obrigação -não merecedor, portanto, de ocupar espaços
editoriais, porque o que está no
plano da normalidade não atrairia
os leitores.
Ocorre que o que acontece aqui,
hoje, repercute onde antes não
imaginávamos. Por outro lado, há
uma mudança cultural em curso na
sociedade brasileira e a imprensa
tem um papel preponderante nesse processo.
O protagonismo internacional
do Brasil e nossa capacidade de
criar novos paradigmas impõem
que a boa notícia seja tão realçada
quanto são os fatos que apontam
para a necessidade absoluta de
uma depuração de costumes que
ainda persistem em nossas instituições.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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