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Estadista, incapaz ou imoral?
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - Houve um tempo em que
este espaço da Folha era assinado por
um certo FHC, o próprio Fernando
Henrique Cardoso. O que prova que o
jornal piorou muito na qualidade de
um de seus colunistas.
Para saber se o país, por sua vez, ganhou com a troca do colunista FHC
pelo presidente FHC, reproduzo a seguir, quase na íntegra, o final do livro
"Mãos à Obra", a proposta de governo
de Fernando Henrique para a eleição
de 94 e que, portanto, deveria ter se
transformado em realidade até o fim
de 1998. O leitor que julgue.
"O Brasil, do ponto de vista econômico, dispõe de condições favoráveis
para, controlada a inflação, orientar-se por metas ambiciosas de crescimento, dando um salto qualitativo no
seu padrão estrutural."
"Para isso terá de aumentar o coeficiente de massa cinzenta em nosso
modelo econômico: população mais
educada, maiores investimentos em
ciência e tecnologia, senso de prioridades."
"(...) Metas audaciosas na agricultura, programas intensivos de treinamento de mão-de-obra, expansão dos
setores de serviços, especialmente no
turismo etc. E muito investimento
(privado, local e internacional, junto
do que seja possível no setor público)
em energia, portos e transportes."
"Sob liderança política clara, enfrentar os novos tempos implementando com urgência as reformas de estrutura capazes de dar à população mais
empregos, melhor educação, saúde,
habitação e alimentação."
"Como aliás todos os candidatos desejam. Só que não dispõem das condições políticas para aglutinar as forças
capazes de não só querer, mas de realizar competentemente as reformas
(...) para combater na prática (...) a
pobreza e a miséria que tornam o Brasil um país deitado eternamente no
atraso e no subdesenvolvimento."
"Hoje existem condições objetivas
para reverter esse quadro. Não fazê-lo
ou é incapacidade ou, o que é pior,
imoralidade pela conivência com a
exploração do povo e a injustiça social."
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