São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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SEXO NA JUVENTUDE

Em matéria de sexo, o jovem brasileiro é relativamente precoce, razoavelmente fiel e, como não poderia deixar de ser, algo imprudente e contraditório. Esse é o retrato que emerge da inédita pesquisa "Juventude e Sexualidade", feita pela Unesco com 16.422 alunos de escolas públicas e particulares de 13 capitais mais o Distrito Federal.
A iniciação sexual de meninos ocorre em média entre os 13,9 e os 14,5 anos. Para meninas, o intervalo é de 15,2 a 16 anos. Esse dado é compatível com a informação de que a maioria considera o tabu da virgindade "coisa do passado".
Antes que se imagine que os jovens já não cultivam valores morais, deve-se frisar que 80% dos entrevistados defendem a fidelidade e que 70% deles disseram ter tido um único parceiro sexual ao longo do último ano. Em relação ao sexo seguro, a situação é preocupante: apenas 61,1% afirmam utilizar-se da camisinha. O resultado dessa atitude se mede no crescimento de infecções por doenças sexualmente transmissíveis e de casos de gravidez precoce. Hoje, 14% das jovens até 19 anos têm filhos. É a única faixa etária na qual se registra aumento de nascimentos.
O problema ganha contornos dramáticos em cidades como Recife e Manaus, onde mais de 36% das estudantes de ensino fundamental e médio já engravidaram. Essa cifra sugere ainda que o recurso ilegal ao aborto é mais disseminado do que muitos poderiam imaginar.
Já que parece irrefreável a tendência de meninos e meninas iniciarem a vida sexual cada vez mais cedo, torna-se fundamental capacitá-los a exercer a sua sexualidade de maneira responsável. Aulas de educação sexual são por certo uma necessidade, mas não bastam. Como em tantos outros aspectos da vida, o conhecimento intelectual não é capaz de disciplinar as emoções. É preciso estimular o diálogo com os jovens de modo que eles possam discutir não apenas temas como a fecundação, mas também as suas relações afetivas.


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