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SEXO NA JUVENTUDE
Em matéria de sexo, o jovem
brasileiro é relativamente precoce, razoavelmente fiel e, como não
poderia deixar de ser, algo imprudente e contraditório. Esse é o retrato
que emerge da inédita pesquisa "Juventude e Sexualidade", feita pela
Unesco com 16.422 alunos de escolas públicas e particulares de 13 capitais mais o Distrito Federal.
A iniciação sexual de meninos
ocorre em média entre os 13,9 e os
14,5 anos. Para meninas, o intervalo
é de 15,2 a 16 anos. Esse dado é compatível com a informação de que a
maioria considera o tabu da virgindade "coisa do passado".
Antes que se imagine que os jovens
já não cultivam valores morais, deve-se frisar que 80% dos entrevistados
defendem a fidelidade e que 70% deles disseram ter tido um único parceiro sexual ao longo do último ano.
Em relação ao sexo seguro, a situação é preocupante: apenas 61,1%
afirmam utilizar-se da camisinha. O
resultado dessa atitude se mede no
crescimento de infecções por doenças sexualmente transmissíveis e de
casos de gravidez precoce. Hoje, 14%
das jovens até 19 anos têm filhos. É a
única faixa etária na qual se registra
aumento de nascimentos.
O problema ganha contornos dramáticos em cidades como Recife e
Manaus, onde mais de 36% das estudantes de ensino fundamental e médio já engravidaram. Essa cifra sugere ainda que o recurso ilegal ao aborto é mais disseminado do que muitos poderiam imaginar.
Já que parece irrefreável a tendência
de meninos e meninas iniciarem a vida sexual cada vez mais cedo, torna-se fundamental capacitá-los a exercer a sua sexualidade de maneira responsável. Aulas de educação sexual
são por certo uma necessidade, mas
não bastam. Como em tantos outros
aspectos da vida, o conhecimento intelectual não é capaz de disciplinar as
emoções. É preciso estimular o diálogo com os jovens de modo que eles
possam discutir não apenas temas
como a fecundação, mas também as
suas relações afetivas.
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