São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

Inação afirmativa

BRASÍLIA - Um dos 35 ministérios de Lula é a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Muita gente sabe quem são José Dirceu e seu ex-assessor Waldomiro Diniz. Poucos têm idéia de quem dirige o "ministério da mulher", o que é e o que faz essa pasta. É quase irrelevante. Ali, a atividade principal tem sido a inação afirmativa.
No primeiro ano do PT no Palácio do Planalto, a cadeira foi ocupada pela ex-senadora Emília Fernandes. Agora, está com Nilcéia Freire. Anteontem à noite, a ministra participou de um evento público -o lançamento de um filme, "Benjamim", da diretora Monique Gardenberg. Distribuiu-se um folheto com as realizações (sic) da pasta.
A primeira frase: "A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres foi criada no primeiro dia do governo Luiz Inácio Lula da Silva para reafirmar o compromisso com as mulheres". OK. O que foi realizado? No opúsculo oferecido ao público só há um item: "Foi sancionada a lei nº 10.745/03, que instituiu 2004 como ano da mulher no Brasil". Gastou-se um ano para fazer do ano seguinte o ano da mulher. OK. E agora?
O próximo passo será realizar, em julho deste ano, a "1ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres - Políticas para as Mulheres: Um Desafio para a Igualdade numa Perspectiva de Gênero". Tudo bem. Vamos debater a "perspectiva de gênero". Mas depois de um ano e meio o governo Lula terá então sua política para esse novo (sic) ministério, certo? Não, calma, não tão rápido.
Segundo o panfleto da ministra, as "resoluções" da conferência "serão apresentadas no dia 25 de novembro de 2004 (...), fechando as atividades do ano da mulher no Brasil".
Somos informados, portanto, de que no "ministério da mulher" o ano tem menos de 11 meses (termina em 25 de novembro) e será usado para pensar no que fazer no ano seguinte.
Como se diz, de tanto olhar para o abismo alguns acabam pulando. O governo Lula, de tanto não fazer nada, nada acabará fazendo.


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