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FERNANDO RODRIGUES
Inação afirmativa
BRASÍLIA - Um dos 35 ministérios de Lula é a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Muita gente sabe quem são José
Dirceu e seu ex-assessor Waldomiro
Diniz. Poucos têm idéia de quem dirige o "ministério da mulher", o que é
e o que faz essa pasta. É quase irrelevante. Ali, a atividade principal tem
sido a inação afirmativa.
No primeiro ano do PT no Palácio
do Planalto, a cadeira foi ocupada
pela ex-senadora Emília Fernandes.
Agora, está com Nilcéia Freire. Anteontem à noite, a ministra participou de um evento público -o lançamento de um filme, "Benjamim", da
diretora Monique Gardenberg. Distribuiu-se um folheto com as realizações (sic) da pasta.
A primeira frase: "A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
foi criada no primeiro dia do governo
Luiz Inácio Lula da Silva para reafirmar o compromisso com as mulheres". OK. O que foi realizado? No
opúsculo oferecido ao público só há
um item: "Foi sancionada a lei nº
10.745/03, que instituiu 2004 como
ano da mulher no Brasil". Gastou-se
um ano para fazer do ano seguinte o
ano da mulher. OK. E agora?
O próximo passo será realizar, em
julho deste ano, a "1ª Conferência
Nacional de Políticas para as Mulheres - Políticas para as Mulheres: Um
Desafio para a Igualdade numa Perspectiva de Gênero". Tudo bem. Vamos debater a "perspectiva de gênero". Mas depois de um ano e meio o
governo Lula terá então sua política
para esse novo (sic) ministério, certo?
Não, calma, não tão rápido.
Segundo o panfleto da ministra, as
"resoluções" da conferência "serão
apresentadas no dia 25 de novembro
de 2004 (...), fechando as atividades
do ano da mulher no Brasil".
Somos informados, portanto, de
que no "ministério da mulher" o ano
tem menos de 11 meses (termina em
25 de novembro) e será usado para
pensar no que fazer no ano seguinte.
Como se diz, de tanto olhar para o
abismo alguns acabam pulando. O
governo Lula, de tanto não fazer nada, nada acabará fazendo.
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