São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Haiti
"Caso se confirmem as informações de Eliane Cantanhêde (Opinião, pág. A2 de ontem) de que o governo Lula articula com Washington o envio de tropas para o Haiti (cujo presidente, democraticamente eleito, perdeu o poder em circunstâncias ainda nebulosas), estará aberto gravíssimo precedente intervencionista, cujo principal efeito deletério será subordinar qualquer possibilidade de integração latino-americana aos limites estreitos colocados pela Alca. Em nome da obsessão em conseguir assento no Conselho de Segurança da ONU, o governo brasileiro parece estar disposto a ultrapassar todos os limites da subserviência aos interesses estadunidenses. Roger Noriega, secretário de Bush, deixou claro o ponto de vista dos EUA: "Chegou a hora de colocar o Haiti em primeiro lugar" ("Tendências/ Debates", pág. A3 de ontem). Afeganistão, Iraque e Venezuela sabem o que significa gozar dessa primazia. Há 40 anos, o Brasil experimentou ser a bola da vez. Tão obtuso quanto acreditar que o assento no conselho da ONU garantirá soberania ao país é persistir na crença de que o aprofundamento da ortodoxia neoliberal na condução da economia levará o Brasil ao desenvolvimento."
Thomaz Ferreira Jensen (São Paulo, SP)

Caso Waldomiro
"O escândalo envolvendo Waldomiro Diniz, ex-assessor direto de José Dirceu, era tudo o que a oposição queria para colocar o governo na linha de tiro num ano eleitoral e, assim, tentar dar o troco à derrota sofrida na última eleição. Mas por que desperdiçar energia num caso isolado quando se pode aproveitar uma oportunidade excelente para discutir o financiamento de campanhas? Em ano eleitoral, esse tema seria perfeito para obrigar todos os partidos a agirem de forma transparente no que diz respeito às contribuições e aos gastos de campanha."
Ursula Santos (São Paulo, SP)

Governo Lula
"Ao isentar a Folha e apontar para o restante da mídia a perseguição ao PT, Clóvis Rossi demonstra o quanto o jornal para o qual trabalha é egomaníaco. O pior é que não vejo exceção. Em todas as reportagens, sejam a respeito do governo federal ou de qualquer instância que conte com a presença do partido, a demonização é a tônica. Clóvis Rossi invoca o leitor como testemunha de que a Folha não persegue o PT. Como diria o ex-presidente do Corinthians Vicente Matheus: Clóvis, me inclua fora dessa."
Washington Luiz de Araújo (Rio de Janeiro, RJ)

 

"O que sabemos da atividade de nossos governantes hoje -em especial do presidente Lula, que se notabiliza por fazer o contrário do que pregava- deve-se à Folha, que não se curva às pressões dos aduladores e não cede às seduções do poder. Seria lamentável se o jornal se entregasse a práticas laudatórias do governo petista; há jornais demais com essa triste função bajulatória. Desejo ardentemente que a Folha continue com sua postura crítica e que amplie em profundidade suas práticas de investigação."
Jackson Vitoriano de Ulhoa (Rio de Janeiro, RJ)

 

"Quero manifestar minha repulsa às declarações e atitudes arrogantes do presidente Lula. Como pode alguém que se gaba de sua origem humilde afirmar que, se falhar, será toda a classe dos trabalhadores que falhará? Lula já tinha dito que não era preciso o povo reivindicar mais nada, uma vez que ele próprio era o povo. Não falta muito para declarar que o Estado é... ele! Subiu-lhe o poder à cabeça ou Lula sempre foi prepotente dessa forma? Se ele tem a aprovação de 60% da população, não tem a dos 100%! Aproveito para repudiar a decisão de enviar força militar ao Haiti. Por que o governo não a envia a Copacabana?"
Edson Dognaldo Gil (São Paulo, SP)

Situação e oposição
"O artigo do sr. José Serra sobre a Argentina (Opinião, página A2 de anteontem) é bastante sensato e equilibrado. No entanto, gostaria de ver se ele teria feito algo diferente do que está aí se tivesse vencido a eleição de 2002. Serra e os tucanos em geral demonstram, assim como o PT, que são ótimos na oposição, mas nem tanto na situação. Com todos os problemas e frustrações atuais, ainda não dá para sentir saudades de FHC."
Carlos Brisola Marcondes (Florianópolis, SC)

Fome Zero
"Observo o seguinte quanto à reportagem "Ministro da área social critica Fome Zero" (Brasil, pág. A5 de anteontem): 1) O Ministério de Desenvolvimento Social realizou, em 6 e 7/3, seminário interno de planejamento estratégico. Seu principal objetivo foi aprofundar o processo de integração da equipe que compõe o novo ministério, com ênfase para as áreas-fins: assistência social, transferência de renda e segurança alimentar. Foi um evento de caráter reservado. 2) Em momento algum no seminário o ministro Patrus Ananias criticou o Fome Zero. Ao contrário: as discussões foram orientadas por documento do ministro, que reconhece a importância do programa e destaca a necessidade de ampliá-lo para as regiões metropolitanas. 3) Tampouco houve avaliação negativa quanto aos integrantes dos 2.132 comitês gestores do programa no país, citados na reportagem como sendo "despreparados para o cargo". Tal crítica aos milhares de cidadãos que compõem os comitês seria uma injusta generalização. Os comitês gestores são elementos fundamentais para a implantação e a consolidação do programa Fome Zero."
Roberto Baraldi, assessor de Comunicação Social do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Brasília, DF)

Programa espacial
"Em relação ao texto "Russos farão revisão de foguete espacial" (Ciência, pág. A12 de ontem), esclareço que os ministérios da Ciência e Tecnologia e da Defesa estão em sintonia quanto à coordenação das atividades do programa espacial brasileiro. O MCT tem participado ativamente dos acordos entre a Ucrânia, a Rússia e a China e também das negociações com a Índia. O programa espacial não será um programa de ministério; será de governo, dentro do espírito de integração que marca a administração do presidente Lula. Caberá aos ministros Eduardo Campos e José Viegas apresentar ao governo o projeto dessa nova etapa do programa. Para coordenar o debate, foram designados o secretário-executivo do MCT, Luís Fernandes, e o assessor especial do Ministério da Defesa, Murilo Barboza. Já foram realizadas quatro reuniões para discutir o tema."
Vera Canfran, assessora de imprensa do Ministério da Ciência e Tecnologia (Brasília, DF)

Trabalho escravo
"É lamentável que no Brasil, em pleno século 21, ainda exista trabalho escravo. Tudo indica que ele não será extinto tão cedo, enquanto as condições econômicas e educacionais, principalmente das pessoas que moram nos grotões, não melhorarem. O mais grave é que alguns casos aconteçam em fazendas de políticos, que se aproveitam da carência de emprego e da falta de conhecimentos dos trabalhadores sobre seus direitos."
Neuton Luiz Ramos de Melo (Formoso do Araguaia, TO)

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