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Subemprego em alta
Crise aumenta a precariedade no trabalho e exige mudanças para que país deixe de inibir contratações formais
A ÚLTIMA Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE apontou que, no
período imediatamente posterior à crise, de outubro
de 2008 a janeiro passado, 88 mil
pessoas foram empurradas para
o subemprego nas seis principais
regiões metropolitanas do país.
Com isso, o contingente de subocupados chegou a 709 mil, um
acréscimo de 14,2% em relação
ao total de trabalhadores nessa
condição antes da crise. Só em janeiro, o subemprego avançou
11% em relação ao mesmo mês
de 2008 -evolução semelhante
à de dezembro (10,2%), medida
sob os mesmos parâmetros.
Subocupados são pessoas que
desejam trabalhar mais horas e
estão disponíveis para assumir
jornada maior, mas que, diante
da crise, só obtêm serviços em
tempo parcial. O acréscimo nesse contingente é mais um índice
da deterioração do mercado de
trabalho, que não significa apenas perda de empregos, mas
também piora na sua qualidade.
Os números oficiais indicam
que, no mínimo, o ciclo na expansão do emprego formal foi interrompido. Segundo o Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados, levantamento mensal
do Ministério do Trabalho, o
mercado de trabalho formal já
perdeu 797,5 mil vagas desde novembro -num universo de 30
milhões de trabalhadores brasileiros com carteira assinada.
Além disso, dados do IBGE
apontam que o contingente de
desempregados cresceu 20,6%
de dezembro a janeiro; a taxa de
desemprego saltou de 6,8% para
8,4%. A população desocupada
passou de 1,6 milhão para 1,9 milhão de pessoas nas seis áreas
metropolitanas pesquisadas.
A expansão do emprego formal
nos últimos anos esteve associada ao crescimento econômico. A
fiscalização do Ministério do
Trabalho também ajudou, mas o
que faltou foram estímulos legais
para a formalização.
Os dados de perda de postos
ainda não permitem conclusão
definitiva -tudo dependerá, obviamente, da gravidade e da profundidade da crise no país. Mas é
provável que o desemprego e a
informalidade estejam iniciando
um novo ciclo de alta.
Seria uma piora a partir de um
quadro já ruim. Cerca de 50%
dos trabalhadores atuam hoje na
informalidade -contra 60% em
2005, quando a marcha do emprego precário foi invertida pelo
crescimento econômico. É um
contingente intolerável de trabalhadores alijados de garantias
básicas de bem-estar social. Reformas fiscais e trabalhistas, no
entanto, têm sido proteladas por
sucessivos governos.
Um caminho certo para aumentar o índice de regularização
dos trabalhadores é desonerar as
folhas de pagamento, que impõem custos excessivos a empregadores, sob a forma de tributação e contribuições previdenciárias. Se a crise impõe limites a
uma reforma tributária abrangente neste momento -pois as
receitas dos governos estão em
queda-, medidas emergenciais
de desoneração dos encargos
trabalhistas, desde que dirigidas
ao conjunto da economia, poderiam aliviar o problema do desemprego e do subemprego.
Além disso, é preciso aumentar a cobertura do seguro-desemprego em todos os setores.
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