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POLÍTICA AO MÁXIMO
Muito mais que o valor do salário mínimo deve estar em
discussão hoje no Congresso Nacional. A tensão política no seio da
aliança que sustenta o governo do
presidente Fernando Henrique Cardoso chega a um extremo em que é
lícito questionar se esse movimento
desembocará ou não num rearranjo
de poder propriamente dito.
No centro da arena está um cada
vez mais isolado senador Antonio
Carlos Magalhães. O pefelista baiano
ainda não arredou pé da bandeira do
mínimo de US$ 100 e leva consigo
nessa empreitada populista algum
correligionário de seu Estado e, eventualmente, algum governista candidato a prefeito que não queira perder
pontos de popularidade.
Foi notável o endurecimento do
discurso recente de FHC. Prometeu
represálias aos que não o acompanharem na aprovação dos R$ 151.
Anteontem, disse que "quem estiver
votando contra está contra mim e fora do governo". Ao saber do endurecimento do presidente, ACM não se
deu por vencido e saiu a defender o
direito de o parlamentar votar, nessa
matéria, conforme sua consciência.
A fala de FHC está calçada em uma
articulação partidária que, por ora,
tem obtido sucesso em isolar o cacique baiano. Relaciona-se principalmente ao esforço do PMDB, capitaneado por suas lideranças no Congresso, para ter mais influência no
governo e, igualmente, à movimentação de figuras tucanas, ministros
inclusive, com vistas, entre outras
coisas, à rodada eleitoral de 2002.
O senador procura contra-atacar.
Há pouco, declarou preferir apoiar o
tucano Tasso Jereissati à Presidência,
numa mensagem a presidenciáveis
do PSDB que lhe fazem oposição.
Enviou a FHC uma carta com denúncias de corrupção que atingem duas
importantes lideranças parlamentares do PMDB. Por seu turno, FHC
amenizou o tom de seus discursos,
mas manteve no ar as ameaças.
ACM dá mostras de que está vivo.
Não é ocioso lembrar seu tradicional
apego ao governo. Mas o embate que
se aproxima é com um presidente da
República que se mostra mais disposto ao confronto. O dia promete
ser quente no Planalto Central.
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