São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2000


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POLÍTICA AO MÁXIMO

Muito mais que o valor do salário mínimo deve estar em discussão hoje no Congresso Nacional. A tensão política no seio da aliança que sustenta o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso chega a um extremo em que é lícito questionar se esse movimento desembocará ou não num rearranjo de poder propriamente dito.
No centro da arena está um cada vez mais isolado senador Antonio Carlos Magalhães. O pefelista baiano ainda não arredou pé da bandeira do mínimo de US$ 100 e leva consigo nessa empreitada populista algum correligionário de seu Estado e, eventualmente, algum governista candidato a prefeito que não queira perder pontos de popularidade.
Foi notável o endurecimento do discurso recente de FHC. Prometeu represálias aos que não o acompanharem na aprovação dos R$ 151. Anteontem, disse que "quem estiver votando contra está contra mim e fora do governo". Ao saber do endurecimento do presidente, ACM não se deu por vencido e saiu a defender o direito de o parlamentar votar, nessa matéria, conforme sua consciência.
A fala de FHC está calçada em uma articulação partidária que, por ora, tem obtido sucesso em isolar o cacique baiano. Relaciona-se principalmente ao esforço do PMDB, capitaneado por suas lideranças no Congresso, para ter mais influência no governo e, igualmente, à movimentação de figuras tucanas, ministros inclusive, com vistas, entre outras coisas, à rodada eleitoral de 2002.
O senador procura contra-atacar. Há pouco, declarou preferir apoiar o tucano Tasso Jereissati à Presidência, numa mensagem a presidenciáveis do PSDB que lhe fazem oposição. Enviou a FHC uma carta com denúncias de corrupção que atingem duas importantes lideranças parlamentares do PMDB. Por seu turno, FHC amenizou o tom de seus discursos, mas manteve no ar as ameaças.
ACM dá mostras de que está vivo. Não é ocioso lembrar seu tradicional apego ao governo. Mas o embate que se aproxima é com um presidente da República que se mostra mais disposto ao confronto. O dia promete ser quente no Planalto Central.


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