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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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A SEGUNDA FASE

As propostas de reforma previdenciária e tributária do Executivo chegaram ao Congresso num clima triunfal. Uma marcha liderada pelo presidente da República e acompanhada pelos 27 governadores marcou a entrega dos textos. Mas bastou iniciar-se a tramitação para ficar claro que, por mais que seja alta a popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva, haverá dificuldades políticas para a aprovação dos projetos nos termos propostos pelo governo.
Numa sondagem realizada com 52 dos 57 deputados da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, esta Folha apurou que a taxação dos servidores públicos inativos ainda está longe de obter consenso. Esse tópico fundamental da reforma da Previdência, na ótica principalmente dos governadores de Estado, é rejeitado por 24 parlamentares e apoiado por 16 deles -12 disseram que ainda não têm opinião formada.
Além disso, PFL, PSDB e PMDB, num prenúncio do que serão as discussões sobre tributação, já prometeram se unir para tentar derrubar, no Senado, itens da medida provisória 107 que aumentam a tributação sobre alguns setores da economia. Lideranças pefelistas, em especial, prometem radicalizar na oposição a quaisquer propostas que signifiquem aumento de carga tributária -um resultado bastante provável se os textos de ambas as reformas propostos pelo Executivo forem aprovados sem modificações.
O governo dispõe de meios para tentar neutralizar a oposição. Há muitos cargos na administração pública ainda não preenchidos e verba represada nos primeiros meses que pode ser gasta em momentos estratégicos das negociações. Ontem mesmo o núcleo do governismo esforçou-se para produzir um fato "novo" a seu favor: o suposto acordo para o PMDB integrar a base aliada.
Mas o triunfalismo que marcou o primeiro ato desse processo está superado. Iniciou-se a fase política da discussão, que, a depender dos próximos lances, pode até significar golpes importantes contra as principais propostas do governo.


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