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A SEGUNDA FASE
As propostas de reforma previdenciária e tributária do Executivo chegaram ao Congresso num
clima triunfal. Uma marcha liderada
pelo presidente da República e
acompanhada pelos 27 governadores marcou a entrega dos textos. Mas
bastou iniciar-se a tramitação para ficar claro que, por mais que seja alta a
popularidade de Luiz Inácio Lula da
Silva, haverá dificuldades políticas
para a aprovação dos projetos nos
termos propostos pelo governo.
Numa sondagem realizada com 52
dos 57 deputados da Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara, esta Folha apurou que a taxação dos
servidores públicos inativos ainda
está longe de obter consenso. Esse
tópico fundamental da reforma da
Previdência, na ótica principalmente
dos governadores de Estado, é rejeitado por 24 parlamentares e apoiado
por 16 deles -12 disseram que ainda
não têm opinião formada.
Além disso, PFL, PSDB e PMDB,
num prenúncio do que serão as discussões sobre tributação, já prometeram se unir para tentar derrubar,
no Senado, itens da medida provisória 107 que aumentam a tributação
sobre alguns setores da economia.
Lideranças pefelistas, em especial,
prometem radicalizar na oposição a
quaisquer propostas que signifiquem aumento de carga tributária
-um resultado bastante provável se
os textos de ambas as reformas propostos pelo Executivo forem aprovados sem modificações.
O governo dispõe de meios para
tentar neutralizar a oposição. Há
muitos cargos na administração pública ainda não preenchidos e verba
represada nos primeiros meses que
pode ser gasta em momentos estratégicos das negociações. Ontem
mesmo o núcleo do governismo esforçou-se para produzir um fato "novo" a seu favor: o suposto acordo para o PMDB integrar a base aliada.
Mas o triunfalismo que marcou o
primeiro ato desse processo está superado. Iniciou-se a fase política da
discussão, que, a depender dos próximos lances, pode até significar golpes importantes contra as principais
propostas do governo.
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