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FUNDAÇÕES E FUNDOS
A existência de fundações de
direito privado na USP, como a
Fundação Zerbini, administradora
do Instituto do Coração (Incor), e a
Fundação Instituto de Administração (FIA), que promove cursos pagos de economia e administração,
tem sido motivo de controvérsias ardorosas no interior da universidade.
A relação entre as fundações e a
universidade pública é delicada e demanda reflexão. Embora vinculadas
à universidade, essas instituições
possuem considerável autonomia no
que tange aos processos decisórios e
aos entraves burocráticos característicos dos órgãos públicos. Essa condição as capacita a imprimir agilidade e dinamismo às suas atividades.
No entanto há suspeitas de que tais
instituições violem de várias formas
o caráter público da universidade.
Uma parcela considerável de alunos
e professores é partidária dessa tese e
argumenta, por exemplo, que através das fundações entidades privadas
interferem indevidamente nas atividades acadêmicas. Além disso, critica-se também o fato de que tais instituições oferecem cursos pagos nas
dependências da USP.
Ocorre que as fundações têm se
mostrado lucrativas. Em 2001, prestando serviços a empresas privadas e
públicas, elas arrecadaram R$ 457,8
milhões, valor equivalente a 35% do
orçamento total da USP. Diante de
dados como esses, fica patente seu
potencial para a geração de recursos.
Igualmente evidente é a crise financeira vivida pela universidade. As recorrentes greves de funcionários e
professores fornecem uma prova
veemente dos estragos causados pela
crise. É estranho, nesse contexto,
que setores da comunidade universitária sejam irredutivelmente contrários a esses empreendimentos geradores de recursos. As fundações da
USP podem e devem servir para ajudar a sanar as finanças da instituição.
É claro que será preciso debater e estipular regras que garantam a justa
distribuição dos lucros. Contudo negar-se dogmaticamente a lançar mão
dessa possibilidade é uma atitude
que só pode ser qualificada como
conservadora e insensata.
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