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CLÓVIS ROSSI
Já apodreceu
VIENA - Volto ao tema de que Vinicius Torres Freire tratou segunda-feira. Para desconfiar da suposta força
demonstrada pelas instituições na
turbulência, ele dizia: "Pode ser que o
improvisado arranjo institucional
brasileiro não desabe logo, mas apodreça sistematicamente, como casas e
árvores velhas cheias de cupins".
Já apodreceu, meu caro. Não desabou porque não interessa aos que se
beneficiam do "arranjo". E se beneficiam faz uns 500 anos.
Instituições apodrecem irremediavelmente quando um grupo partidário é acusado de formar "organização criminosa" pelo procurador-geral da República, sendo o presidente
da República também o presidente
de honra do grupo. Acusação, de resto, reiterada, pelo lado de dentro, pelo que foi o segundo homem na hierarquia da "organização criminosa".
A propósito: procure, caro leitor, na
entrevista de Silvio Pereira a "O Globo" uma só inquietação, ainda que
superficial, com o país. Não vai encontrar. É só bandalheira.
Antigamente, dizia-se que, "à mulher de César, não basta ser honesta, é
preciso também parecer honesta". No
Brasil de hoje, um bando de gente sob
investigação da polícia está prestes a
ser, no mínimo, no mínimo, muito
bem votada.
Instituições apodrecem também
quando seus chefes trocam de camisa
sem qualquer freio, como aconteceu
recentemente com os presidentes do
STF, Nelson Jobim, e do STJ, Edson
Vidigal. Pularam dos tribunais, nos
quais tomavam decisões de cunho
eminentemente político, para a arena das candidaturas.
Parece normal, mas, em qualquer
país sério, com instituições sérias, seria um baita escândalo.
Ainda há a informação de que uma
conta em paraíso fiscal foi operada
de uma sala da liderança do PMDB
no Senado, então ocupada por Renan Calheiros, hoje presidente do Senado (e até presidente interino da
República por algumas horas na semana passada).
Aconteceu alguma coisa? Tá tudo
dominado, meu caro.
@ - crossi@uol.com.br
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