São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2006

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CLÓVIS ROSSI

Já apodreceu

VIENA - Volto ao tema de que Vinicius Torres Freire tratou segunda-feira. Para desconfiar da suposta força demonstrada pelas instituições na turbulência, ele dizia: "Pode ser que o improvisado arranjo institucional brasileiro não desabe logo, mas apodreça sistematicamente, como casas e árvores velhas cheias de cupins".
Já apodreceu, meu caro. Não desabou porque não interessa aos que se beneficiam do "arranjo". E se beneficiam faz uns 500 anos.
Instituições apodrecem irremediavelmente quando um grupo partidário é acusado de formar "organização criminosa" pelo procurador-geral da República, sendo o presidente da República também o presidente de honra do grupo. Acusação, de resto, reiterada, pelo lado de dentro, pelo que foi o segundo homem na hierarquia da "organização criminosa".
A propósito: procure, caro leitor, na entrevista de Silvio Pereira a "O Globo" uma só inquietação, ainda que superficial, com o país. Não vai encontrar. É só bandalheira.
Antigamente, dizia-se que, "à mulher de César, não basta ser honesta, é preciso também parecer honesta". No Brasil de hoje, um bando de gente sob investigação da polícia está prestes a ser, no mínimo, no mínimo, muito bem votada.
Instituições apodrecem também quando seus chefes trocam de camisa sem qualquer freio, como aconteceu recentemente com os presidentes do STF, Nelson Jobim, e do STJ, Edson Vidigal. Pularam dos tribunais, nos quais tomavam decisões de cunho eminentemente político, para a arena das candidaturas.
Parece normal, mas, em qualquer país sério, com instituições sérias, seria um baita escândalo.
Ainda há a informação de que uma conta em paraíso fiscal foi operada de uma sala da liderança do PMDB no Senado, então ocupada por Renan Calheiros, hoje presidente do Senado (e até presidente interino da República por algumas horas na semana passada).
Aconteceu alguma coisa? Tá tudo dominado, meu caro.

@ - crossi@uol.com.br


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