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ALUGUEL DE MEIO-FIO
Mais de uma vez esta Folha salientou que é duplo o prejuízo, para a coletividade, dos esquemas de corrupção tais como os que a CPI da máfia
da propina investiga. Perde o erário,
com o desvio de dinheiro público, e
perde a cidade, com os serviços que
deixam de ser prestados. O desregramento no setor de estacionamentos
-uma demanda criada sobretudo
pela insegurança das ruas, responsabilidade do governo estadual- constitui mais um reflexo do abandono a
que uma administração loteada relegou o meio urbano.
Se escapa dos famigerados "flanelinhas", que alugam impunemente o
espaço público, o motorista cai nas
mãos de estacionamentos, não raro
de preços extorsivos e legalidade duvidosa. A própria Secretaria de Administrações Regionais estima que 80%
desses estabelecimentos carecem de
alvará. Tamanha omissão da fiscalização decerto tem algo a ver com a
metástase das propinas.
Há mais, no entanto. Alguns bairros de São Paulo foram tomados por
uma legião de flanelinhas de luxo batizados de "valet parking". O cliente
chega ao bar ou restaurante, paga algo entre R$ 5 e R$ 10 e seu veículo
termina estacionado algumas dezenas de metros adiante -na rua.
Obviamente, é livre a escolha de pagar pela suposta segurança. Mas essa
comodidade é também irregular, como ressaltou nesta Folha o diretor da
Secretaria de Direto Econômico
(SDE) do Ministério da Justiça, Paulo
Cremonesi. Ele denuncia a existência
de cartéis de valetes, os quais como
que se apropriam de regiões inteiras
do espaço público, até porque elas
são insuficientemente policiadas.
Antes de levar o caso à CPI dos fiscais, a SDE oficiou à prefeitura sobre
a falta de fiscalização. A Companhia
de Engenharia de Tráfego foi designada como responsável pelo problema, mas respondeu em seguida que
nada podia fazer para resolvê-lo.
Mais uma vez, a comunidade é
abandonada a oportunistas que a administração municipal, por omissão
ou interesse, só faz incentivar.
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