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RECESSÃO À VISTA
Vários indicadores do desempenho recente da economia brasileira explicitam o aprofundamento da retração. Apenas os setores exportadores (siderurgia, celulose), os agroindustriais e a produção de petróleo apresentaram crescimento. A produção industrial contraiu-se 4,2% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A produção de confecções e
calçados encolheu 24,6%. A de automóveis, 18,2%. A de eletrodomésticos, 14,9%. A produção de bens de
capital (máquinas e equipamentos)
teve queda de 6,7%.
As vendas continuam declinando
em praticamente toda a indústria.
No setor automobilístico, elas caíram 13% em maio em relação ao
mesmo mês de 2002. As montadoras
preparam-se para dar férias coletivas
a seus trabalhadores. A parada das
fábricas pode desencadear repercussões em cadeia: redução nas encomendas de aço e de autopeças.
Segundo a Confederação Nacional
da Indústria, os salários reais da indústria foram reduzidos em 7,72%
em abril em relação ao mesmo mês
de 2002. Nos quatro primeiros meses do ano, os salários acumulam
perdas de 6,9%. São números muito
preocupantes. Em grande parte explicados pela queda na renda da população, pelo aumento da taxa de inflação no início do ano e pela escassez de crédito.
A manutenção da atual taxa básica
de juros -e dos "spreads" elevadíssimos no financiamento a empresas
e consumidores- atua como um
freio da atividade econômica. O risco
é de que o país passe da estagnação a
uma profunda recessão.
Os índices de inflação continuam
arrefecendo. Na prática, está ocorrendo uma elevação da taxa de juro
real, que pode retrair ainda mais a
produção e a renda nos próximos
meses. Os custos da permanência da
atual política do BC serão ainda mais
altos para uma economia que já
mostra sinais de paralisia e elevada
escassez de crédito. O BC perdeu a
oportunidade, em maio, de sinalizar
uma redução dos juros.
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