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São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2003

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RECESSÃO À VISTA

Vários indicadores do desempenho recente da economia brasileira explicitam o aprofundamento da retração. Apenas os setores exportadores (siderurgia, celulose), os agroindustriais e a produção de petróleo apresentaram crescimento. A produção industrial contraiu-se 4,2% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção de confecções e calçados encolheu 24,6%. A de automóveis, 18,2%. A de eletrodomésticos, 14,9%. A produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) teve queda de 6,7%.
As vendas continuam declinando em praticamente toda a indústria. No setor automobilístico, elas caíram 13% em maio em relação ao mesmo mês de 2002. As montadoras preparam-se para dar férias coletivas a seus trabalhadores. A parada das fábricas pode desencadear repercussões em cadeia: redução nas encomendas de aço e de autopeças.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria, os salários reais da indústria foram reduzidos em 7,72% em abril em relação ao mesmo mês de 2002. Nos quatro primeiros meses do ano, os salários acumulam perdas de 6,9%. São números muito preocupantes. Em grande parte explicados pela queda na renda da população, pelo aumento da taxa de inflação no início do ano e pela escassez de crédito.
A manutenção da atual taxa básica de juros -e dos "spreads" elevadíssimos no financiamento a empresas e consumidores- atua como um freio da atividade econômica. O risco é de que o país passe da estagnação a uma profunda recessão.
Os índices de inflação continuam arrefecendo. Na prática, está ocorrendo uma elevação da taxa de juro real, que pode retrair ainda mais a produção e a renda nos próximos meses. Os custos da permanência da atual política do BC serão ainda mais altos para uma economia que já mostra sinais de paralisia e elevada escassez de crédito. O BC perdeu a oportunidade, em maio, de sinalizar uma redução dos juros.


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