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JOSÉ SARNEY
Um grande passo
PASSOU batida na mídia nacional a importância para a história e a sobrevivência da
humanidade do acordo feito entre
Obama e Medvedev, presidente
da Rússia.
O presidente dos Estados Unidos
está tentando, com grande capacidade política e visão mundial, refazer o que Bush destruiu.
Estávamos à beira de uma nova
Guerra Fria com a política americana de reiniciar uma corrida armamentista, com os escudos nucleares a serem instalados na Europa e o aprofundamento das divergências com a Rússia, que como se
sabe também é uma grande potência nuclear, possuindo cada um dos
dois países mais de 7.000 ogivas,
além de milhares de foguetes intercontinentais, instalados em bases
terrestres e submarinas.
Obama propôs um novo tipo de
relacionamento com a Rússia e
com humildade confessou que seu
país não pode sozinho arcar com os
problemas de sobrevivência da humanidade, o primeiro deles a proliferação de armas nucleares.
Quem lê a história moderna sabe
que a Segunda Guerra Mundial foi
gerada pela leniência com que as
potências aliadas fizeram vista
grossa ao armamento da Alemanha, tornando-a incapaz de ser detida. Nessa experiência, o caminho
da paz passa pelo desarmamento.
O acordo entre Obama e Medvedev prevê que as duas potências reduzam o número de ogivas nucleares a entre 1.500 e 1.675, até 2016.
Evidentemente ainda restará
uma quantidade enorme desses artefatos, que assustam só pela capacidade de reduzir a pó todas as
grandes cidades do mundo. Se pensarmos o que foi feito em
Hiroshima e Nagasaki com as duas
bombas lançadas, que eram tecnologicamente rudimentares, poderemos avaliar o que isso significa
em termos de destruição.
O acordo infelizmente não prevê
parar o estudo de bombas "limpas", que penetram nas defesas
para explodir em profundidade, e
das bombas de fusão pura, por
meio de simulação com laser (as
bombas de hidrogênio atuais são
disparadas por ogivas convencionais). Mas é um avanço, passamos
da inércia para retomar o caminho
do desarme completo.
Por outro lado, a Rússia compreende por que as ameaças da Coreia do Norte e do Irã são catastróficas. Possuir essas armas em mãos
de fanáticos significa um perigo
permanente para a humanidade.
Devemos considerar também a
amplitude mundial dessas armas,
que uma vez utilizadas contaminam com radiação todos os povos.
Assim, cada um de nós é parte
desse problema. O homem foi muito longe ao ter em suas próprias
mãos o poder de autodestruir-se,
de destruir a vida. Esse é o problema dos problemas. Intolerância total com as armas nucleares, e bani-las da face da Terra é a única saída.
jose-sarney@uol.com.br
JOSÉ SARNEY escreve às sextas-feiras nesta coluna.
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