São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

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Editoriais

Aperfeiçoar o Enade

SAIU MAIS um Enade, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, que substituiu o Provão. A boa notícia é que o sistema nacional de avaliação de cursos universitários já se tornou uma realidade, apesar das ofensivas de diversos lobbies para sepultá-lo. A má é que o exame ainda é bem menos completo e útil do que poderia.
O defeito mais grave do Enade é que ele não exige dos alunos que se empenhem em realizar a prova, o que tende a produzir distorções. O remédio para o problema é conhecido: tornar o Enade exame obrigatório para todos os concluintes -inclusive para os alunos de universidades importantes, como USP e Unicamp, as quais alegam discordância metodológica e não participam do teste- e fazer com que a nota conste de seus históricos.
Hoje apenas uma amostra dos estudantes é avaliada, e o resultado obtido é guardado sob sigilo. A maior dificuldade para universalizar o sistema é o custo.
Outro ponto a aperfeiçoar é a metodologia. Desde o início, o Enade foi concebido para comparar cursos, e não para avaliar conteúdos. Assim, uma nota 5 não significa necessariamente que os alunos da escola que a obteve dominem a matéria.
O conceito máximo indica apenas que o curso está bem acima da média das faculdades da área. O Enade é um exame que identifica a média e aponta para as instituições que dela se desviam, para mais e para menos.
Seria oportuno aprimorar ainda mais essa avaliação, de modo que a nota permitisse também estimar o grau de competência dos alunos que concluem o curso bem como comparações de uma edição do exame para outra.
Seja como for, é importante que essas e outras eventuais mudanças sejam bem debatidas antes de ser adotadas. Afinal, alterações bruscas e mal assimiladas nas regras também prejudicam sistemas de avaliação.


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