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ELIANE CANTANHÊDE
Falta comando
BRASÍLIA - Cadê o comandante-em-chefe das Forças Armadas e das
forças civis para segurar seus radicais à direita e à esquerda?
O ministro Tarso Genro ameaça a
toda hora botar militares envolvidos com tortura no banco dos réus.
E oficiais da ativa e da reserva reagiram com uma manifestação de ostensiva provocação contra o governo no Clube Militar do Rio.
Se fosse mais um encontro de
"generais de pijama", tudo bem.
Mas a presença do comandante do
Leste e do diretor de Ensino e Pesquisa, generais-de-exército Luiz
Cesário da Silveira Filho e Paulo
César Castro, muda tudo de figura.
Os dois são "quatro estrelas", estão
no topo da hierarquia militar e integram o Alto Comando do Exército.
Cesário ocupa o maior posto da
área.
Eles foram aconselhados por
companheiros a não comparecer,
mas só concordaram em trocar a
farda por terno e gravata. Isso muda
a foto, não a gravidade da situação: a
presença de ambos institucionaliza
a adesão do Exército a um ato contra o governo. Aliás, contra o governo e a favor do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, presente em
todas as listas de torturadores do
regime militar. O Exército Brasileiro de hoje poderia muito bem passar sem essa.
Seria ingenuidade achar que Tarso Genro fala sozinho de um lado e
os manifestantes do Clube Militar
falam sozinhos de outro. São duas
forças que se contrapõem e testam
limites. Entre uma e outra está o
ministro da Defesa, Nelson Jobim,
com o cargo e uma vantagem: nem é
da turma que pegou em armas contra o regime de 64 e é acusada de
"revanchista", nem é da turma fardada que resolveu bater continência para torturador. E tenta driblar
os seus radicais e os dos outros.
Mas o comandante-em-chefe é
Luiz Inácio Lula da Silva, que precisa dizer se endossa ou não a revisão
da Lei da Anistia, se respalda ou não
o movimento de Tarso Genro e se
engole ou não o desacato do Clube
Militar. Enquanto isso, as tropas
encorpam e a guerra corre solta.
elianec@uol.com.br
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