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CLÓVIS ROSSI
Yes, nós temos talentos
CANCÚN - Para não dizer que não falo nunca de flores, vale registrar: o
Brasil tem uma presença na OMC
(Organização Mundial do Comércio)
muitíssimo mais importante que o
menos de 1% que é sua pífia participação no comércio mundial.
Não é uma façanha do presente governo, claro, mas consolidou-se com
ele a partir do momento em que o
Itamaraty lançou-se à tarefa de construir uma coalizão de países em desenvolvimento para se opor ao jogo
fechado entre Estados Unidos e
União Européia, as duas grandes usinas comerciais e econômicas.
Da iniciativa brasileira (e indiana),
surgiu o G-20, que, ontem, com a
adesão do Egito, já tinha 21 países.
A jogada causou visível perplexidade entre norte-americanos e europeus, acostumados a encontrar muita resistência retórica e pouca oposição concreta e prática em qualquer
foro internacional.
Agora, não. O jornal britânico "Financial Times", em texto de seu especialista em negociações comerciais,
Guy de Jonquières, reconhece que "o
Brasil consolidou sua estatura como
um dos mais influentes países em desenvolvimento na OMC".
De Jonquières, um dos dois maiores
especialistas no assunto no jornalismo global, rasga a seda para o chanceler Celso Amorim, cujo "intelecto
penetrante e astuto talento negociador são amplamente admirados".
Detalhe: o outro grande especialista
é, sim, um brasileiro, Assis Moreira,
da "Gazeta Mercantil".
Amorim não está sozinho na arena
global. O ministro da Agricultura,
Roberto Rodrigues, que já tem longa
quilometragem rodada nesse tipo de
negociação, do tempo em que era do
setor privado, foi ontem o último a
sair do auditório em que haviam dado entrevista coletiva 13 ministros
(do Grupo de Cairns, os grandes exportadores agrícolas).
Foi cercado por jornalistas de grifes
da mídia global, pela TV da Índia e
pela onipresente BBC.
Talentos "world class" a gente até
tem. Pena que, como no futebol, sirvam mais para exportação do que
para uso interno.
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