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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Yes, nós temos talentos

CANCÚN - Para não dizer que não falo nunca de flores, vale registrar: o Brasil tem uma presença na OMC (Organização Mundial do Comércio) muitíssimo mais importante que o menos de 1% que é sua pífia participação no comércio mundial.
Não é uma façanha do presente governo, claro, mas consolidou-se com ele a partir do momento em que o Itamaraty lançou-se à tarefa de construir uma coalizão de países em desenvolvimento para se opor ao jogo fechado entre Estados Unidos e União Européia, as duas grandes usinas comerciais e econômicas.
Da iniciativa brasileira (e indiana), surgiu o G-20, que, ontem, com a adesão do Egito, já tinha 21 países.
A jogada causou visível perplexidade entre norte-americanos e europeus, acostumados a encontrar muita resistência retórica e pouca oposição concreta e prática em qualquer foro internacional.
Agora, não. O jornal britânico "Financial Times", em texto de seu especialista em negociações comerciais, Guy de Jonquières, reconhece que "o Brasil consolidou sua estatura como um dos mais influentes países em desenvolvimento na OMC".
De Jonquières, um dos dois maiores especialistas no assunto no jornalismo global, rasga a seda para o chanceler Celso Amorim, cujo "intelecto penetrante e astuto talento negociador são amplamente admirados".
Detalhe: o outro grande especialista é, sim, um brasileiro, Assis Moreira, da "Gazeta Mercantil".
Amorim não está sozinho na arena global. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que já tem longa quilometragem rodada nesse tipo de negociação, do tempo em que era do setor privado, foi ontem o último a sair do auditório em que haviam dado entrevista coletiva 13 ministros (do Grupo de Cairns, os grandes exportadores agrícolas).
Foi cercado por jornalistas de grifes da mídia global, pela TV da Índia e pela onipresente BBC.
Talentos "world class" a gente até tem. Pena que, como no futebol, sirvam mais para exportação do que para uso interno.


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