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RUY CASTRO
Crianças heavy metal
RIO DE JANEIRO - Na terça-feira
passada, uma mulher de 43 anos foi
assaltada em seu carro em Porto
Alegre por dois bandidos armados.
Deram-lhe ordem de descer. A mulher obedeceu, mas disse aos assaltantes que ia tirar seus filhos, de 6 e
8 anos, que estavam no banco traseiro. Fez isso com o primeiro, mas,
antes que soltasse o cinto do segundo, os bandidos arrancaram e a arrastaram, agarrada à porta, por 20
metros. O carro parou mais adiante,
e a mulher, apesar de ferida, retirou
o outro filho. Dali a pouco, os bandidos foram presos. Um tinha 16
anos, o outro, 12.
Na quinta-feira, um homem de
49 anos foi assaltado ao tirar seu
carro da garagem no bairro do Jabaquara, em São Paulo. Os bandidos o mandaram entregar o carro.
Ele obedeceu sem nenhuma reação.
Mesmo assim, foi baleado e morreu
na presença de sua mulher e de sua
filha, que estavam do lado de fora.
Os criminosos eram um casal e tinham com eles uma criança de 12
anos, que os ajudou a se aproximar
da vítima.
No mesmo dia, a polícia de Valinhos, a 85 km de São Paulo, prendeu um homem que havia seis meses mantinha a avó de 83 anos em
cárcere privado para ficar com os
cerca de R$ 7.000 que ela recebia de
aposentadoria como viúva de militar. A idosa era obrigada a ficar num
quarto escuro, imundo e com as janelas trancadas. O fato de o neto já
ter 35 anos não o refresca -neto é
neto, e a vítima era sua avó.
Pegando carona numa certa frase
dita outro dia, em algum momento
da história algum de nós cometeu
um erro contra a juventude brasileira. Até há pouco, quando um jovem partia para o crime era para
roubar um tênis ou uma bicicleta.
Mas os garotos já não perdem tempo com essas ninharias. As crianças
agora se tornaram agentes ou cúmplices de crimes heavy metal, que
desafiam nossos estômagos.
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