São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Corrupção
"Não encontramos na presente campanha política nenhum candidato propondo o combate à corrupção. De fato, nem mesmo nos debates públicos o assunto foi levantado. Também os veículos de informação se mostraram omissos. Nas entrevistas realizadas, inclusive pela Folha, o tema corrupção parece que foi evitado. Como se corrupção não fosse um problema. Teoricamente, todos são contrários à corrupção, inclusive os corruptos, que, se questionados, dirão que são contrários a ela. Não basta sermos contrários à corrupção. Precisamos todos nos indignar e manifestar o nosso repúdio à corrupção com ações concretas. O que se espera dos candidatos a prefeito é que se comprometam a estabelecer um programa anticorrupção -que possa ser acompanhado por todos os munícipes. Por isso, gostaria de convidar os candidatos ao segundo turno a visitar o sítio www.transparencia.org.br, no qual encontrarão as premissas básicas para a implantação de um programa simples e viável. Seria magnífico que os dois candidatos em São Paulo, que têm um passado limpo, se propusessem publicamente a seguir nossas sugestões para combater a corrupção."
Heraldo da Silva Tino, membro da Comissão de Ética da Transparência Brasil (São Paulo, SP)

Um bem maior
"O papa João Paulo 2º disse que o comunismo foi, em algum sentido, um mal útil. Disse ele: "De fato, pode acontecer que, sob certas situações concretas da existência humana, o mal revele ser de alguma maneira útil, na medida em que cria oportunidades para o bem". Então, eu, como católico, concluo que, perante a situação concreta de milhões de soropositivos para o HIV pelo mundo, o uso do preservativo -mesmo que a Igreja Católica diga que é um mal- se revela como um bem maior, já que cria oportunidade de vida para toda a humanidade."
Luciano Garcia Resende (São Paulo, SP)

Energia
"No artigo "A energia que ninguém vê" ("Tendências/Debates", 6/10), Gleisi Hoffmann, diretora financeira da Itaipu Binacional, diz que "a maioria da população acha que a função de uma hidrelétrica, como Itaipu, resume-se à produção de energia" e parte para uma lista de projetos efetivados pela usina. Está enganada. O que a maioria da população acha é que energia tem de ser barata, acessível a todos e com tarifas que os pobres possam pagar. Muito bonito realizar projetos culturais com o dinheiro do povo sofrido e explorado... Em minha cidade, Leopoldina, servida pela Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina, estamos chegando ao ponto de as classes populares quase viverem às escuras. As pessoas chegam ao cúmulo de reduzir ao mínimo o conforto de que desfrutam, desligando o chuveiro e a geladeira para poder pagar a conta no fim do mês. Se sobra tanto dinheiro para realizar projetos, significa que poderiam cobrar muito menos pela energia."
Maria da Glória Costa Reis (Leopoldina, MG)

Partido desalmado
"Eliane Cantanhêde acertou em cheio na sua coluna "Galegas" (Opinião, 8/10). O desdém com o qual Luizianne Lins foi tratada pela cúpula petista em Fortaleza lembra muito a situação vivida por Luiza Erundina em São Paulo em sua histórica ascensão à prefeitura em 1988. Ambas foram subestimadas pelos próceres petistas em nome de um pragmatismo vil e burro, que vai tornando o PT cada vez mais parecido com os demais partidos -sem alma ou ideologia, apenas na luta abjeta pela permanência no poder. Muito mais que uma vitória pessoal, a passagem de Luizianne para o segundo turno representa um tapa na cara na política fisiológica da cúpula petista."
Vagner Correa (São Bernardo do Campo, SP)

California, Brazil
"Se os ricos votaram e garantiram a vantagem de José Serra no primeiro turno, significa que São Paulo tem mais ricos do que pobres, certo? Então, a Califórnia, e não o Haiti, é aqui. Viva!"
Mário Marinho (Osasco, SP)

Greve bancária
"Quero manifestar o meu mais profundo protesto em relação à afirmação do presidente Lula sobre a greve dos bancários (Dinheiro, 7/10). Ele disse que "o governo não poderia deixar de cortar os dias parados sob pena de incentivar greves futuras". Ora, greve, antes de tudo, é direito constitucional. E cabe ao presidente da República assegurar o seu exercício pleno, e não coagir e assediar moralmente e materialmente os bancários pelo retorno forçado ao trabalho por meio da supressão do pagamento dos salários . Quem está incentivando essa justa greve é exatamente a atual política econômica, de arrocho salarial e de favorecimento de uma política voltada para os interesses do mercado financeiro. O governo Lula demonstra claramente mais uma vez o seu caráter patronal, antitrabalhador e de desprezo para com as suas raízes históricas."
Aderson Bussinger, advogado trabalhista (Niterói, RJ)

50
"Li o artigo denominado "Os cinquentões" (Mais!, 3/10) e achei bastante interessante a indicação das diversas obras por área de conhecimento e a verificação feita na USP e na UFRJ com a indicação do total de títulos localizados nessas duas universidades. Verifiquei o acervo das 22 bibliotecas da Unicamp e tive uma grata surpresa: possuímos 25 dos títulos indicados, 50% do total. Parabenizo a Folha pelos artigos publicados no caderno Mais!."
Luiz Vicentini, coordenador do sistema de bibliotecas da Unicamp (Campinas, SP)

Homossexualidade
"Um tanto confuso o texto de Contardo Calligaris a respeito da iniciativa de recuperação de homossexuais ("A cura da homossexualidade", Ilustrada, 7/10). O tom de ironia usado no artigo não justifica seus argumentos pobres e inconsistentes. Uma sociedade sadia é aquela em que, ao serem detectados seus males, procura-se o remédio para curá-los. Se um homem foi feito homem, ele é homem. Se uma mulher foi feita mulher, ela é mulher. Assim como 2 + 2 = 4. Será que é tão difícil de entender? Além do que, o ser humano é diferente do animal, porque, ao fazer suas escolhas, usa da inteligência e da vontade. A felicidade no homem vem do exercício das faculdades próprias de cada ser, sabiamente formadas pela natureza. Cada coisa tem o lugar certo para funcionar e, quando o homem resolve, por conta própria, alterar essa ordem, o que acontece é que uma minoria hedonista e revoltada tenta aliciar muitos para não chafurdar sozinhos. É um triste retrato da animalização do homem."
Cristina Pacheco (São Paulo, SP)

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