São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Direitos humanos em mãos erradas

GIORA BECHER


As entidades pró-Hamas, inclusive no Brasil, continuam organizando mais flotilhas políticas de provocação para a região da Faixa de Gaza


O Conselho de Direitos Humanos (CDH) é uma entidade controlada, lamentavelmente, por uma maioria anti-Israel, incluindo regimes que violam os direitos humanos com frequência.
Desde a sua criação, negocia com Israel de forma obsessiva e desproporcional; até hoje, deliberou 33 resoluções anti-Israel.
Porém, ainda não foi discutida uma única resolução quanto a países que violam os direitos humanos, apesar dos relatos na arena internacional. É importante ressaltar que um ponto permanente da agenda do CDH é dedicado a Israel em cada sessão única regular.
As resoluções do Conselho, no contexto israelense, são motivadas politicamente e têm como objetivo denegrir Israel e isolá-lo na arena internacional.
Neste assunto, é preciso considerar a resolução apressada e lamentável que foi aprovada pelo CDH, em Genebra, em junho, estabelecendo uma "missão de averiguação" para investigar os eventos relacionados à flotilha de Gaza, e o relatório que foi posteriormente publicado por esta "missão", que não tem qualquer relação com a preocupação real dos direitos humanos.
De fato, a maioria dos países democráticos vinculados ao CDH, que considera os direitos humanos um valor precioso, não apoiaram a resolução de estabelecer a "missão de averiguação".
Israel rejeita o relatório publicado pelo CDH sobre a flotilha. Como país democrático, investigou e ainda investiga os eventos relacionados. Além disso, estamos cooperando com um painel convocado pelo secretário-geral das Nações Unidas em Nova York, que também investiga o assunto.
Em eventos deste tipo é apropriado, correto e habitual permitir que os países envolvidos completem a sua própria investigação antes de tomar medidas precipitadas e sem precedentes. A equipe nomeada pelo secretário-geral da ONU também aceita esse princípio e aguarda a conclusão dos inquéritos em Israel e na Turquia antes de começar seu trabalho.
Por todas essas razões, Israel decidiu não cooperar com a "missão de averiguação" nomeada pelo CDH em Genebra. Israel informou os membros do CDH de sua decisão e sugeriu que essa missão esperasse a conclusão dos vários processos de investigação que estão atualmente em curso.
A comissão optou por ignorar a sugestão e publicou seu relatório parcial, com base no depoimento de apenas uma das partes.
Não há conflito entre Israel e os moradores de Gaza, mas, sim, com o regime ilegal e terrorista do Hamas, que tomou à força o controle da Autoridade Palestina na região e a transformou em base de operações terroristas contra nossos civis.
Ao longo dos últimos anos, milhares de mísseis foram disparados contra a população civil israelense e muitos atentados terroristas estão ocorrendo a partir de Gaza.
Assim, de acordo com seu inalienável direito de defender seus cidadãos, Israel foi forçado a adotar política de bloqueio marítimo quanto à Faixa de Gaza, a fim de evitar o contrabando de armas e instrumentos de apoio ao terrorismo do Hamas contra cidades israelenses.
As entidades pró-Hamas continuam organizando mais flotilhas políticas de provocação para a Faixa de Gaza. Mesmo aqui no Brasil há tentativa de organizar um grupo para participar dessa iniciativa com finalidade de propaganda.
Israel apela aos organizadores dessas flotilhas para que suspendam imediatamente os preparativos para sua partida e esclarece que existem canais legais estabelecidos para a transferência de ajuda humanitária a Gaza.
O CDH teria alcançado melhor resultado se dedicasse sua atenção para o fato de que, durante mais de quatro anos, o soldado israelense Gilad Shalit foi capturado e detido em Gaza, sendo-lhe negada qualquer visita da Cruz Vermelha Internacional e desprovido de qualquer forma de direito humano.


GIORA BECHER, 60, é o embaixador de Israel no Brasil.

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