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QUEM QUER CONTROLAR A TV?
Pesquisa Datafolha revelou que
75% dos telespectadores querem um
controle sobre as programações das
TVs. A maioria também considera
que os programas abusam de cenas
de sexo e de violência e que a TV exerce influências negativas na formação
de crianças e de adolescentes.
Os dois programas dominicais de
maior audiência, que têm apelado a
atrações degradantes na guerra por
telespectadores, foram classificados
como inadequados por 46% e 52%
dos entrevistados, respectivamente.
A pesquisa apresenta, porém, ambiguidades e contradições na opinião
dos entrevistados. Avalia-se que as
emissoras excedem-se em cenas impróprias, mas a programação das
duas principais emissoras é considerada boa ou ótima pela maioria.
Enquanto 72% dos entrevistados
aceitam a criação de um conselho para avaliar previamente a programação, mais de 70% dizem deixar seus
filhos assistir livremente a programas condenados pela maioria.
Em que pesem o caráter liberal da
sociedade brasileira em relação aos
costumes e o fato de que a família
contemporânea não é obviamente a
única responsável pela criação de
seus filhos, fica evidente a atitude de
descompromisso dos pais. Parecem
preferir delegar a terceiros uma tarefa que lhes cabe necessariamente.
Felizmente, a maioria não pretende
passar ao Estado essa atribuição. Caso existisse algum tipo de controle
sobre a programação, ele deveria ser
feito, segundo 46% dos entrevistados, pelos próprios donos das emissoras. Para apenas 28%, esse órgão
fiscalizador deveria ser composto de
membros da sociedade.
A auto-regulamentação das emissoras é desejável. Mas tem sido insuficiente nos países em que não há conselhos de representantes da opinião
pública para sugerir critérios, como
o de horário. Suas análises, diferentemente da censura do regime militar, deveriam ser feitas a posteriori,
sem ameaçar a liberdade de expressão, mas procurando resguardar a
sociedade de programas nocivos.
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