São Paulo, segunda, 10 de novembro de 1997.



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QUEM QUER CONTROLAR A TV?

Pesquisa Datafolha revelou que 75% dos telespectadores querem um controle sobre as programações das TVs. A maioria também considera que os programas abusam de cenas de sexo e de violência e que a TV exerce influências negativas na formação de crianças e de adolescentes.
Os dois programas dominicais de maior audiência, que têm apelado a atrações degradantes na guerra por telespectadores, foram classificados como inadequados por 46% e 52% dos entrevistados, respectivamente.
A pesquisa apresenta, porém, ambiguidades e contradições na opinião dos entrevistados. Avalia-se que as emissoras excedem-se em cenas impróprias, mas a programação das duas principais emissoras é considerada boa ou ótima pela maioria.
Enquanto 72% dos entrevistados aceitam a criação de um conselho para avaliar previamente a programação, mais de 70% dizem deixar seus filhos assistir livremente a programas condenados pela maioria.
Em que pesem o caráter liberal da sociedade brasileira em relação aos costumes e o fato de que a família contemporânea não é obviamente a única responsável pela criação de seus filhos, fica evidente a atitude de descompromisso dos pais. Parecem preferir delegar a terceiros uma tarefa que lhes cabe necessariamente.
Felizmente, a maioria não pretende passar ao Estado essa atribuição. Caso existisse algum tipo de controle sobre a programação, ele deveria ser feito, segundo 46% dos entrevistados, pelos próprios donos das emissoras. Para apenas 28%, esse órgão fiscalizador deveria ser composto de membros da sociedade.
A auto-regulamentação das emissoras é desejável. Mas tem sido insuficiente nos países em que não há conselhos de representantes da opinião pública para sugerir critérios, como o de horário. Suas análises, diferentemente da censura do regime militar, deveriam ser feitas a posteriori, sem ameaçar a liberdade de expressão, mas procurando resguardar a sociedade de programas nocivos.



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