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PAINEL DO LEITOR
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Impunidade para todos
"Em boa hora está surgindo no
Brasil o "Movimento Impunidade
para Todos" (MIPT). Na Justiça não
pode haver tratamento diferenciado. Ela deve agir da mesma forma
com ricos e pobres. O que vemos,
porém, é uma preferência pela impunidade dos primeiros e punição
rigorosa dos segundos.
A tese da impunidade para os ricos vem sendo conduzida pelo Supremo Tribunal Federal com muita
técnica. Como? Todas as leis que
tratam dos crimes de corrupção
trazem nas entrelinhas a possibilidade de ela não ser considerada crime. Só que a ambigüidade das leis
não funciona para os pobres. Por isso surge o MIPT: para que todos
permaneçam iguais em direitos.
Queremos impunidade irrestrita
para todos."
WILSON GORDON PARKER (Nova Friburgo, RJ)
Lei da gravidez
"Curiosa a reação, principalmente de homens, diante da lei que confere às mulheres o direito de receber pensão alimentícia sem teste de
DNA (no mundo ideal, o pai deveria
espontaneamente contribuir, correto?). Parecem considerar toda
gravidez um potencial "golpe da
barriga" e jogam toda responsabilidade na mulher. Se existe receio de
ser "vítima" de um "golpe da barriga",
use camisinha, cada um é responsável por sua vida reprodutiva, homens e mulheres."
FABIANA TAMBELLINI (São Paulo, SP)
Obama e Lula
"Ao ler a carta da doutoranda Yara Kassab ("Painel do Leitor", 6/11),
preferi acreditar que ela estabelecera apenas e tão-somente a comparação entre a formação escolar dos
dois presidentes. Não me contive e
reli o texto para ter a certeza do
meu engano. Quanta maldade, para
não dizer desrespeito ao ser humano. Mas imagine, sra. Kassab, se o
sr. Barack Obama tivesse nascido
negro e pobre no sertão pernambucano e migrado, ainda menino, para
São Paulo. Certamente teria estudado numa escola pública da periferia da cidade e seria pouco provável
tornar-se um brilhante advogado.
Aliás, sra. Kassab, a educação pública no Estado de São Paulo deveria servir de inspiração à sua tese de
doutorado em história social, pois
está matando o sonho e a esperança
de milhões de jovens que, sem outra
opção, pagam pela irresponsabilidade dos governantes paulistas."
WILSON ROBERTO ARRUDA (Avanhandava, SP)
"Um pensador disse que a verdade fere mais que uma bala de canhão. A leitora Yara Kassab só ressaltou o óbvio. E lá vieram os que se
sentiram ofendidos e que se identificam com Lula defender o indefensável. Se, no tempo certo, Lula não
teve oportunidade para estudar, faz
anos que ele tem oportunidade para
tal e nunca importou-se com isso.
Pelo contrário, em discurso, disse
ter orgulho de não ter estudado e
ser o presidente do país e que, para
ele, qualquer um poderia fumar onde quisesse (apesar de o Estado gastar uma fortuna com os fumantes).
Obama chegou lá pelas próprias
pernas; Lula foi levado até lá. Outra
sutil diferença entre ambos."
LUIS SAVIOLLI (Mococa, SP)
Escândalo arquitetônico
"Os paulistas e a arquitetura brasileira acabam de levar um golpe
aplicado pela secretaria da Cultura
com o aval do governador José Serra e do secretário João Sayad ("Arquitetos do Ninho de Pássaro projetam teatro de dança em SP", Ilustrada, 4/11). O processo de contratação do escritório suíço Herzog &
De Meuron para a realização do
projeto da sede da São Paulo Companhia de Dança ofende os paulistas por vários motivos.
O primeiro é ver que os cultos governantes têm uma visão tão estreita e provinciana da cultura. O segundo é que ignoram a riquíssima
produção arquitetônica brasileira.
O terceiro é a ausência de uma política cultural no Estado, o que permite investir R$ 300 milhões em
um único e redundante edifício. Por
fim, o constrangimento de ver explicações "eruditas" da secretaria
para tentar justificar a ausência de
licitação. Um escândalo."
FELÍCIO ANTONIO SIQUEIRA FILHO , arquiteto (São
José do Rio Preto, SP)
Novela da educação
"Espero que a novela "Caminho
das Índias" não vá reforçar preconceitos e fazer uma representação
caricatural de alunos e professores,
principalmente das escolas públicas, para alavancar a audiência. As
escolas têm problemas que refletem a sociedade, e a solução deles
passa por mudanças na sociedade e,
conseqüentemente, na escola. Chega de repetir o senso comum em relação à escola e ao conceito cristalizado do que é certo e errado na fala
e na escrita."
GRAÇA SETTE , professora (Belo Horizonte, MG)
Ditadura
"Significativo o teor das cartas de
repúdio ao artigo do sr. Jarbas Passarinho ("Tendências/Debates", 7/
11). Nenhuma contesta a afirmativa
de que a luta armada objetivava impor à nação uma outra ditadura, de
esquerda, e não -como avergonhadamente buscam esconder- o resgate da democracia."
WELINGTON DE CASTRO PAGNOZZI (Curitiba, PR)
"Sobre os recentes debates sobre
a anistia, há alguma distorção por
parte dos que consideram que tudo
foi "perdoado". Independentemente
de qual seja a decisão final, gente
como o coronel Jarbas Passarinho
precisaria ver que ninguém está pedindo que sejam julgados de novo
os soldados e oficiais que combateram a guerrilha ou o "terrorismo". O
que alguns defendem é que sejam
reavaliadas as ações daqueles que,
depois de os revolucionários ou
"terroristas" estarem presos -insisto, depois de presos, nos porões, e
não durante as batalhas-, os torturaram. A questão é apenas essa."
SÍRIO POSSENTI (Campinas, SP)
Segurança
"Reportagem sobre salários na
segurança ("18 Estados pagam mais
a delegados que SP", Cotidiano, 9/
11) insiste em ignorar os efeitos que
terão os projetos enviados à Assembléia Legislativa, o que seguramente alteraria, em favor do Estado de São Paulo, o ranking publicado. Os projetos elevam os salários
dos delegados de duas formas: pelo
índice de reajuste e pela aceleração
das promoções.
Em vários Estados, São Paulo entre eles, existe vinculação entre as
remunerações das polícias Civil e
Militar, sendo, portanto, absolutamente incorreta a comparação isolada de salários.
O jornal nada conclui, o que é
surpreendente, sobre o número de
funcionários ativos da segurança
ter crescido 6% entre 2000 e 2008,
enquanto a despesa com pessoal
evoluiu 97%, desqualificando a afirmação de sindicalistas de que não
há reajustes desde 1994. Outro fato
sem conclusão é o crescimento da
massa salarial da segurança, o
maior de todas as categorias.
A reportagem ainda transcreve
declarações sem conferir com a
realidade, dando conta de que os
governos preferem comprar equipamentos porque isso "dá voto", em
vez de gastar em salários e formação de pessoal. Falso: em São Paulo,
sem descuidar dos investimentos, o
grosso da despesa é com salários e
outros custeios, e a formação dos
policiais é, de longe, a melhor do
país. A expressiva queda dos índices de criminalidade no Estado
atesta isso."
MARCELO DAVID PAWEL , assessor de Imprensa da
Secretaria de Estado da Gestão Pública de São
Paulo (São Paulo, SP).
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