|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Fiscalização isenta
UM RELATÓRIO do Tribunal
de Contas da União recomendando a paralisação
de 15 obras do PAC, vedete eleitoral do atual governo, se tornou
a causa mais recente das recorrentes críticas ao tribunal feitas
pelo presidente Lula. Seu governo se mostra determinado a limitar o poder de fiscalização do
órgão auxiliar do Legislativo.
Um novo projeto de Lei Orgânica da Administração Pública
Federal, ainda em elaboração no
Executivo, prevê que o controle
externo de órgãos estatais, tal como o trabalho hoje feito pelo
TCU, "não pode implicar interferência na gestão dos órgãos". Ou
seja, se tal anteprojeto vingar, fica suspensa a capacidade que o
tribunal hoje tem de paralisar
obras suspeitas, ao bloquear repasses e suspender licitações.
Queixa-se o presidente de que
tais paralisações encarecem as
obras, ao mesmo tempo em que
muitas vezes as suspeitas de irregularidade não chegam a ser
confirmadas. Lula defende a
criação de uma nova instituição
"tecnicamente inatacável" para
revisar as decisões do TCU.
De fato, em seu modelo atual,
os tribunais de contas estaduais
e da União são "tecnicamente
atacáveis". Seus ministros e conselheiros são nomeados pelos
Poderes Legislativo e Executivo,
a partir de critérios político-partidários. Ex-parlamentares, ex-ministros e ex-secretários costumam compor o rol dos indicados.
Mas, em vez de tentar manietar órgãos de fiscalização ou de
propor a criação de novas estruturas burocráticas, melhor faria
o governo se defendesse a reforma dos atuais tribunais, exigindo
uma composição estritamente
técnica em seus altos escalões,
aos moldes do que já ocorre, por
exemplo, no Banco Central. Caberia ainda enxugar suas estruturas administrativas, tornando-os mais eficientes na sua necessária função de fiscalizar.
Texto Anterior: Editoriais: USP na encruzilhada Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: A mídia "partidarizada" de Dilma Índice
|