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São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2001 |
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CAFÉ REQUENTADO Irresponsabilidade , incompetência ou má-fé? O que pode explicar a maneira como o Ministério da Agricultura tem agido em relação à política de retenção de café, que o Brasil acertou no primeiro semestre de 2000 com a Associação de Países Produtores de Café (APPC)? Sob o argumento de que as cotações internacionais do produto estavam muito baixas, os países-membros da APPC decidiram reter parte de suas exportações. Um dos erros foi a APPC ter anunciado a política muito antes de iniciá-la, o que permitiu que países importadores elevassem seus estoques. A cotação da saca de café caiu de cerca de R$ 200, no início da retenção, para cerca de R$ 120, nesta semana. Mais do que isso, o Brasil foi o primeiro país a iniciar a retenção. Mas não houve fiscalização para verificar se as outras nações cumpriram o que prometeram. De fato, o Brasil perdeu participação no mercado internacional. No período julho 98-junho 99, as exportações brasileiras correspondiam a 27,35% das exportações mundiais de café. No período de janeiro a setembro de 2000, esse percentual caiu para 16,73%. Produtores que se empenharam em melhorar a qualidade do produto não puderam entregar as quantidades combinadas -algo grave quando se lembra que o Brasil ainda tem pequena participação nos mercados de café de maior valor agregado. Satisfeitos ficaram atravessadores que lucram com a diferença de cotações entre a Bolsa de Nova York e o mercado brasileiro. Apesar da diminuição dos preços internacionais, a queda de preços no Brasil foi maior em razão de a política de retenção ter incentivado o aumento de oferta de café para o consumo interno. E o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, anunciou que a política de retenção continua em 2001. Essa é uma novidade com gosto de café requentado que promete continuar a prejudicar a cafeicultura brasileira. Texto Anterior: Editorial: NOVA DERRAPAGEM Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Torres Freire: Limites e limitações Índice |
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