|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
O mau pagador de promessas
RIO DE JANEIRO - Parece que
durou pouco o empenho de Lula em
colaborar com os governadores do
Sudeste no combate à violência. Citando nominalmente o caso do Rio
de Janeiro, ele classificou o banditismo como terrorismo, abrindo
uma larga frente de operações do
governo federal na ajuda aos governos estaduais que mais sofrem com
o crime organizado.
Na terça-feira, governadores do
Rio, São Paulo, Minas e Espírito
Santo estiveram reunidos no Palácio Laranjeiras e emitiram nota em
que cobram de Lula a promessa feita publicamente no dia da posse.
Pediram aumento dos efetivos da
Polícia Federal e a integração de vários órgãos, inclusive a participação
das Forças Armadas, do Banco Central e da Receita Federal. Criticaram o corte de verbas para a área de
segurança no Orçamento deste ano.
O governador Paulo Hartung, do
Espírito Santo, sugeriu um mutirão
nacional para enfrentar a violência.
Mais prático, o governador de
São Paulo citou o uso de celulares
nas cadeias como uma das causas
dos últimos movimentos do crime
organizado. No documento firmado pelos quatro governadores, é pedida a criminalização do celular pelos chefes das gangues. Com isso
botaram o dedo na ferida, uma vez
que os ataques terroristas são planejados nas penitenciárias.
Evidente que essa reivindicação
só pode ser atendida se houver uma
mudança na lei, donde a necessidade da colaboração de Lula nas articulações do Congresso Nacional a
esse respeito.
Sergio Cabral, citado diversas vezes no discurso de posse do presidente, reúne todas as condições políticas e pessoais para pressionar
Lula no sentido de combater com
mais eficiência o terrorismo que o
próprio presidente identificou.
Será o fim da credibilidade de Lula negar o que prometeu com tanta
ênfase.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Aposta de alto risco Próximo Texto: Maria Sylvia Carvalho Franco: Crescimento e universidade Índice
|