São Paulo, domingo, 11 de março de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Perfil do ladrão
"No "Painel do Leitor" de 6/3, o sr. Antonio Carlos Chiavenato Filho, de Monte Aprazível (SP), pergunta "de onde vieram os familiares dos 6.290 paulistas infratores" citados na reportagem de 4/3 sobre o perfil do ladrão em São Paulo. Eu respondo: vieram de nosso imenso Brasil, de nosso país, que, de braços abertos, recebeu os antepassados do senhor Chiavenato, já que, pelo sobrenome que ele tem, vieram de outro país."
Antonia Tavares de Souza Rodrigues (Vinhedo, SP)

Futebol SP
"Gostaria de relatar a impressão que tenho sobre o que a Folha publica sobre o futebol paulista. Na reportagem "O importante é empatar" (Esporte, pág. D6, 9/3) está escrito que "Farah implode lei da evolução do futebol mundial". Creio que ele não está implodindo nada, já que a média de gols do Paulistão-2001 é maior do que a de anos recentes. E gol é o que importa no futebol para o torcedor. E os quatro primeiros colocados deste ano são os times que mais fizeram gols. Em vez de convocar os torcedores para os jogos, como faz a imprensa do Rio, a Folha só ataca o futebol paulista, sempre arrumando "defeitos"."
Gustavo Gumiero (Valinhos, SP)

De José Lins do Rego a FHC
""O pior não é morrer de fome num deserto, é não ter o que comer na terra prometida", escreveu o autor. Em outras palavras. O pior não é não ter lápis ou livro, é não saber ler nem escrever na terra onde quem manda é um ex-professor."
Fernando B. Campos (São José do Rio Preto, SP)

TV digital
"Diante das reportagens sobre TV digital publicadas na Ilustrada em 7/3 ("Governo deve "boicotar" exibição de TV digital') e em 5/3 ("Americanos respondem a lobby da Globo'), gostaríamos de fazer algumas observações. Não procede classificar de "lobby" uma união formal, técnica e até natural de todas as emissoras de televisão brasileiras -concorrentes entre si, é bom dizer- com a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações na busca do melhor modelo de TV digital para o telespectador brasileiro. A prática lobista, aliás, é peculiar a quem vende, e não a quem vai ter de comprar. Nosso trabalho tem sido o de colaborar com os órgãos governamentais e reguladores da área de telecomunicações, fornecendo os subsídios necessários para que o Brasil adote a tecnologia mais adequada à nossa realidade."
Fernando Bittencourt, coordenador do grupo Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV e Sociedade de Engenharia de Televisão (Abert/SET) (Rio de Janeiro, RJ)

Velho lobo
"Em um país que despreza a experiência dos mais velhos e no qual observamos os jovens cabisbaixos e desmotivados, é gratificante ver a energia e a empolgação de Zagallo, um senhor de 69 anos. É mais gratificante ainda se pensarmos que ele possui todos os títulos possíveis dentro do futebol e não precisa provar mais nada a ninguém. De onde vem tanta força, tanta energia? Em que pese a má vontade de alguns setores da mídia para com Zagallo, ela, a mídia, há de reconhecer que ele representa muito bem a garra, a energia e a empolgação que gostaríamos de ver em muitos de nossos dirigentes."
Floro Sant'Ana de Andrade Neto (Maceió, AL)
Igreja e drogas
"A Igreja Católica colocou como tema da Campanha da Fraternidade o combate às drogas. Tomara que a Diocese de São João da Boa Vista (SP) aceite o chamado do papa e elimine também outras drogas, que são os alto-falantes, a seleção musical e, principalmente, o horário impróprio da programação do Santuário Padre Donizette, em Tambaú (SP). São preciosos decibéis desperdiçados com som terrível, hinos monocórdios e a obrigatoriedade de acordar entre 5h e 6h no domingo, o dia que Deus reservou ao descanso. Imaginemos, em uma democracia, o mesmo direito a exagerados decibéis para as outras religiões. O bom cristão não precisa ser doutrinado em decibéis."
Mauricio Villela (São Paulo, SP)

Aids
"É revoltante a atitude das grandes empresas farmacêuticas que estão processando o governo sul-africano devido à lei que permite àquele governo importar remédios genéricos na luta contra a Aids. Como se não bastassem os séculos de extração de riquezas do continente, os insaciáveis capitalistas agora relegam a segundo plano o controle da doença, pondo em risco a vida de milhões de pessoas. Até quando a África cederá riquezas ao capitalismo central e receberá em troca opressão, miséria e subdesenvolvimento?"

Antonio Machado Neto (Ribeirão Preto, SP)

Condomínio Rio-Niterói
"A ponte Rio-Niterói tem 13.290 metros de comprimento e 52 metros de largura, o que resulta em uma área de 691.080 m2. Segundo a imprensa, por ali passam, em média, 65 mil carros por dia. O pedágio custa R$ 1,70. A arrecadação anual na ponte chega, portanto, a R$ 40.332.500. No condomínio em que moro, o terreno mede 2.808,44 m2, a área construída, 8.943,47 m2. O que dá um total de 11.751,91 m2. Em 2000, a administração do condomínio, da qual não faço parte, arrecadou R$ 186.296,39. A arrecadação/custo de manutenção anual da ponte Rio-Niterói (R$ 40.332.500,00/691.080 m2) é, portanto, de R$ 58,36/m2/ano. No meu condomínio (R$ 186.296,39/ 11.751,91 m2), o valor em 2000 foi de R$ 15,85/m2/ano. A manutenção da ponte, uma simples estrutura de concreto e vergalhões revestida de (péssimo) asfalto, que só usa alguma energia luminosa à noite, custa quase quatro vezes mais que meu condomínio, que tem despesas com elevadores, água, gás, coleta de lixo. Se invertêssemos seus administradores, em vez de pagar, seríamos pagos para cruzar a ponte. E esse é um dos pedágios mais baratos do país."
Nilton de Freitas Guimarães (Rio de Janeiro, RJ)

Pobreza e liberdade
"O que é mais importante, combater a pobreza ou preservar a liberdade? Claro que as duas são importantes. Mas, se tivéssemos de optar, minha opção seria combater a pobreza. Com meus 74 anos, e já formado pela universidade da vida, vivi e convivi com alguns períodos em que "sofremos" com a quebra das liberdades constitucionais. Um sofrimento relativo, pois grande parte da população viveu tranquila, sem ser molestada. Nosso país ganhou muito com a era Vargas (1930-45) e com o regime militar imposto em 1964."
José Luiz Werneck de Lacerda (Curitiba, PR)

Leite e água
"Sou produtor de leite B e, em janeiro e fevereiro, recebi R$ 0,35 por litro de leite B resfriado a 4ºC. Um litro de água no bar da esquina custa R$ 1,40. Portanto, preciso de quatro litros de leite para comprar um litro de água. Ou de cinco litros de leite para comprar um picolé. É preciso que os órgãos competentes, e também os laticínios, se conscientizem de que o custo do leite B para o produtor é muito mais do que R$ 0,35 por litro. Ninguém consegue produzir perdendo por muito tempo."
José Aldo Fregonezi (Descalvado, SP)

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