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ELIANE CANTANHÊDE
De ponta-cabeça
BRASÍLIA - Depois do 11 de Setembro, do Waldomiro, do Buratti, do Francenildo e do Palocci, o mundo está
mesmo de cabeça para baixo. E com
o prestigiado advogado criminalista
Márcio Thomaz Bastos metido mais
e mais no turbilhão.
Em tese, o ministro da Justiça mandava na PF. Na prática, está sendo
investigado por ela, depois de deixar
suas pegadas no trajeto de Palocci rumo ao precipício da quebra do sigilo
bancário de um caseiro.
Primeiro, o braço direito e o braço
esquerdo de Thomaz Bastos, Daniel
Goldberg e Cláudio Alencar, estavam
na casa de Palocci quando este recebeu a chamada "prova do crime": o
extrato de Francenildo na CEF. Depois, lá estava o próprio Thomaz Bastos numa reunião para -sabe-se
lá?- inventar uma boa mentira para Palocci contar na própria PF.
É, no mínimo, legítimo indagar como os dois principais assessores de
Thomaz Bastos articulavam com Palocci sem o chefe mandar ou ao menos saber. E o que tanto o ministro da
Justiça fazia, dizia e sugeria diretamente, no meio da lambança?
Não foi por falta de aviso que ele se
meteu nela. Quando vazou na Folha,
lá atrás, a notícia de que ele monitorava a defesa de Delúbio Soares, já
deveria ter posto as barbas de molho.
Não era e não é papel do ministro da
Justiça desaconselhar investigados a
depor na PF, que ele chefia.
Palocci descobriu tarde demais que
Brasília não é Ribeirão Preto e que
alegres amigos de um ministro da Fazenda não alugam impunemente
uma bela mansão no principal bairro
da capital da República sem que ninguém saiba. E sem que um caseiro
conte que o próprio ministro vivia
por lá. Thomaz Bastos está descobrindo que participar de reuniões anticonstitucionais faz mal à saúde. Dá
uma dor de cabeça danada.
Ele é mais uma peça do dominó,
mas Lula se mantém firme na liderança das pesquisas. O que, além de
surpreendente, acirra os ânimos beligerantes da oposição em níveis preocupantes. Para os dois lados.
@ - elianec@uol.com.br
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