São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

De ponta-cabeça

BRASÍLIA - Depois do 11 de Setembro, do Waldomiro, do Buratti, do Francenildo e do Palocci, o mundo está mesmo de cabeça para baixo. E com o prestigiado advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos metido mais e mais no turbilhão.
Em tese, o ministro da Justiça mandava na PF. Na prática, está sendo investigado por ela, depois de deixar suas pegadas no trajeto de Palocci rumo ao precipício da quebra do sigilo bancário de um caseiro.
Primeiro, o braço direito e o braço esquerdo de Thomaz Bastos, Daniel Goldberg e Cláudio Alencar, estavam na casa de Palocci quando este recebeu a chamada "prova do crime": o extrato de Francenildo na CEF. Depois, lá estava o próprio Thomaz Bastos numa reunião para -sabe-se lá?- inventar uma boa mentira para Palocci contar na própria PF.
É, no mínimo, legítimo indagar como os dois principais assessores de Thomaz Bastos articulavam com Palocci sem o chefe mandar ou ao menos saber. E o que tanto o ministro da Justiça fazia, dizia e sugeria diretamente, no meio da lambança?
Não foi por falta de aviso que ele se meteu nela. Quando vazou na Folha, lá atrás, a notícia de que ele monitorava a defesa de Delúbio Soares, já deveria ter posto as barbas de molho. Não era e não é papel do ministro da Justiça desaconselhar investigados a depor na PF, que ele chefia.
Palocci descobriu tarde demais que Brasília não é Ribeirão Preto e que alegres amigos de um ministro da Fazenda não alugam impunemente uma bela mansão no principal bairro da capital da República sem que ninguém saiba. E sem que um caseiro conte que o próprio ministro vivia por lá. Thomaz Bastos está descobrindo que participar de reuniões anticonstitucionais faz mal à saúde. Dá uma dor de cabeça danada.
Ele é mais uma peça do dominó, mas Lula se mantém firme na liderança das pesquisas. O que, além de surpreendente, acirra os ânimos beligerantes da oposição em níveis preocupantes. Para os dois lados.

@ - elianec@uol.com.br


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