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CLÓVIS ROSSI
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SÃO PAULO - É típica do jeito de
ser do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva sua reação ao pedido de pôr
as Forças Armadas nas ruas do Rio,
ainda a ser feito pelo governador
Sérgio Cabral. Belo palavrório, mas
total desprezo pelos fatos e pela
ação efetiva.
As Forças Armadas "estão à disposição" do Rio, disse Lula. Como
se fossem uma espécie de supermercado em que o freguês entra e
pega os soldados mais vistosos, as
armas mais interessantes, passa no
caixa e paga. Ridículo.
O fato é que as Forças Armadas
não estão à disposição do Rio nem
de ninguém. Para que atuem no policiamento, mesmo que seja apenas
nas vias expressas, como sugere Cabral, é preciso mais que o gogó do
presidente.
É preciso assinar os papéis correspondentes, para não falar da necessidade de superar a resistência
histórica dos chefes militares à utilização da tropa para funções de caráter policial (resistência, aliás, que
existe também em vários outros setores da sociedade).
Se estivessem "à disposição" do
Rio, já estariam no patrulhamento,
porque Cabral vem batendo nessa
tecla desde os ataques do fim do ano
contra policiais e prédios públicos
-atos que Lula batizou de "terroristas", mas que, não obstante, não
fez rigorosamente nada para ajudar
a combater.
Da mesma forma, não "está à disposição" a tal Força Nacional de Segurança, igualmente solicitada por
Cabral, na mesma época. Foi enviado um contingente que até agora
não passou de cenográfico: posou
para fotos ao embarcar em Brasília
(parte do pessoal foi de ônibus para
o Rio, numa evidência da rapidez
com que reage o governo Lula à
qualquer crise); posou de novo ao
chegar ao Rio. Na vida real, não mudou um milímetro a situação de insegurança, que o governador é o
primeiro a admitir.
É típico do poder público: bom de
gogó, péssimo na ação.
crossi@uol.com.br
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