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MELCHIADES FILHO
Ilariê
BRASÍLIA - A Patrus Ananias o
Planalto encomendou o PAC social,
com anúncio previsto para as próximas semanas. Em junho, ou julho,
ou antes, ou quando e se a CPI do
Apagão Aéreo fugir do controle,
Tarso Genro divulgará o PAC da segurança. Fernando Haddad já cravou o PAC da educação. O PAC da
saúde ainda não tem data. Reinhold
Stephanes tenta a todo custo agendar o PAC da agricultura.
De certo modo, dá para entender
a decisão de Lula de emprestar as
três letras a toda sorte de projeto.
O PAC original, mesmo sem contornos delineados e o reconhecimento da maioria da população, foi
um sucesso midiático. Os telejornais caíram pela sigla ("funciona"
na TV). A imprensa aceitou o debate sobre crescimento econômico.
Todo mundo fez trocadilho, e, até
por isso, a coisa parecia séria.
O balanço dos primeiros cem
dias, porém, quebrou o encanto.
Os adiamentos da apresentação
dos dados já haviam indicado uma
Casa Civil em apuros, e a aceleração
na liberação de verbas nos dias que
antecederam o datashow, sugerido
corre-corre de última hora.
A cerimônia despejou a pá de cal.
O governo reconheceu que metade
das obras largou em ritmo insatisfatório e não soube explicar convincentemente o resto que teria caminhado conforme o planejado.
O PAC, ficou bem claro, não é o
indutor de crescimento que havia
sido anunciado. Isso não quer dizer
que deva ser descartado. Por exigir
do Executivo prestações de contas
regulares, o catálogo de projetos
pode ser uma ferramenta de gestão
e de pressão política, valiosa em
uma coalizão tão heterogênea.
Mas, para confirmar essa vocação
do pacote, o governo precisa abandonar o esconde-esconde. Tem de
escancarar a lista das obras, abrir
todas as planilhas, tornar públicos
os critérios de aprovação e avisar já
o que é prioritário. Para desautorizar os que só vêem um golpe de
marketing, seria bom, também, parar de inventar tantos paquitos.
mfilho@folhasp.com.br
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