São Paulo, segunda-feira, 11 de junho de 2007

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Gordura a ser banida

A ORGANIZAÇÃO Pan-Americana de Saúde (Opas) planeja estabelecer um prazo para o banimento total das gorduras trans das Américas. Elas são os novos vilões da alimentação. Formadas principalmente no processo de hidrogenação industrial, estão presentes em alimentos como sorvetes, salgadinhos, biscoitos e certas frituras.
Não cabe às autoridades sanitárias ou políticas decidir o que um cidadão vai ou não comer. A julgar pelas evidências científicas à mão, o churrasco deveria ser proscrito. Só que, num Estado democrático, o poder público não pode nem cogitar de fazê-lo. O que lhe compete é informar e orientar. O caso das gorduras trans, porém, é diferente.
O organismo humano não tem nenhuma necessidade desse gênero de ácido graxo, relativamente raro na natureza e que não acrescenta nenhum sabor especial aos alimentos. Seu consumo tende a elevar os níveis do mau colesterol (LDL) e reduzir os do bom (HDL). Ingerir mais de 2 g diários é hábito que favorece o infarto e outras moléstias associadas ao metabolismo de lipídios. Há até mesmo estudos que sugerem uma correlação dessas gorduras com a ocorrência de diabetes e morte súbita.
Reduzir drasticamente a quantidade de gorduras trans na dieta não é difícil. Elas podem ser substituídas por outros tipos de ácidos graxos sem prejuízo de sabor ou consistência. Ao menos no início, pode haver uma elevação de custos, que tende a desaparecer à medida que aumentar a demanda pelas alternativas.
Diante desse quadro, o eventual banimento das gorduras trans não representaria um caso de ingerência indevida das autoridades na vida do cidadão. É razoável assumir como universal o pressuposto de que, sem ter de abrir mão de praticamente nada, todos desejam viver mais e de forma mais saudável.


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