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Gordura a ser banida
A ORGANIZAÇÃO Pan-Americana de Saúde (Opas) planeja estabelecer um prazo
para o banimento total das gorduras trans das Américas. Elas
são os novos vilões da alimentação. Formadas principalmente
no processo de hidrogenação industrial, estão presentes em alimentos como sorvetes, salgadinhos, biscoitos e certas frituras.
Não cabe às autoridades sanitárias ou políticas decidir o que
um cidadão vai ou não comer. A
julgar pelas evidências científicas à mão, o churrasco deveria
ser proscrito. Só que, num Estado democrático, o poder público
não pode nem cogitar de fazê-lo.
O que lhe compete é informar e
orientar. O caso das gorduras
trans, porém, é diferente.
O organismo humano não tem
nenhuma necessidade desse gênero de ácido graxo, relativamente raro na natureza e que
não acrescenta nenhum sabor
especial aos alimentos. Seu consumo tende a elevar os níveis do
mau colesterol (LDL) e reduzir
os do bom (HDL). Ingerir mais
de 2 g diários é hábito que favorece o infarto e outras moléstias associadas ao metabolismo de lipídios. Há até mesmo estudos que
sugerem uma correlação dessas
gorduras com a ocorrência de
diabetes e morte súbita.
Reduzir drasticamente a quantidade de gorduras trans na dieta
não é difícil. Elas podem ser
substituídas por outros tipos de
ácidos graxos sem prejuízo de sabor ou consistência. Ao menos
no início, pode haver uma elevação de custos, que tende a desaparecer à medida que aumentar
a demanda pelas alternativas.
Diante desse quadro, o eventual banimento das gorduras
trans não representaria um caso
de ingerência indevida das autoridades na vida do cidadão. É razoável assumir como universal o
pressuposto de que, sem ter de
abrir mão de praticamente nada,
todos desejam viver mais e de
forma mais saudável.
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