|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Reinações do Senado
A injeção inédita de recursos
nos cofres governamentais, em
decorrência da exploração do pré-sal, pode contribuir para superar
entraves que embaraçam o crescimento do país, como despesas
com a dívida pública e carências
em infraestrutura e educação.
Essa promessa não se tornará
realidade se os legisladores insistirem em atos de insensatez e irresponsabilidade como os praticados pelo Senado, de forma sorrateira, na madrugada de ontem.
Às pressas, os principais pontos
do projeto do governo Lula para
regular a exploração da nova riqueza foram votados. Suas falhas
mais graves não foram reparadas.
E o que havia de razoável na iniciativa governista se perdeu.
O regime de partilha, defendido
pelo Executivo para os novos campos, obteve o aval dos senadores.
O modelo, com forte inclinação estatizante, não é o ideal para conferir eficiência à exploração petrolífera e assegurar o maior retorno
possível para os fundos públicos.
Custos, por exemplo, serão abatidos da parcela de petróleo a ser
entregue pelas empresas à União.
Se incorrerem em gastos desnecessários, eles serão repassados
aos cofres governamentais. Está
prevista a criação de um aparato
de fiscalização para coibir abusos,
o que deverá redundar em aumento de despesas.
Essas fontes de "vazamento"
não pareceram suficientes para o
senador Pedro Simon (PMDB-RS),
que optou por criar um novo instrumento dissipador de recursos:
a repartição dos royalties do pré-sal de forma igualitária entre todos os Estados, com prejuízo previsto para o fundo da União.
A pulverização de verbas terminará por dissolver em fisiologismo
e favores a clientelas locais o que
deveria ser convertido em recurso
estratégico do país.
O texto volta à Câmara, onde
poderá ser reformulado. Trata-se
no entanto de momento inadequado para apreciar projeto tão
relevante. O período de disputa
eleitoral, com a perspectiva de troca de autoridades, favorece decisões oportunistas.
O melhor, como propôs-se neste espaço, no domingo passado,
seria deixar o debate final e a votação para a próxima legislatura.
Texto Anterior: Editoriais: O incerto e o duvidoso Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: USP dos mascarados Índice
|