São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Editoriais

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Cuba sob pressão

Pressionado em várias frentes, o governo cubano se viu obrigado, nesta semana, a fazer concessões. Promete libertar, até outubro, 52 presos políticos. Ainda assim, 115 pessoas continuarão detidas, por opiniões divergentes às de Fidel e Raúl Castro, nos porões de um regime cruel e anacrônico.
A crise econômica mundial minou as principais fontes de divisas de Cuba. A exploração de níquel e o turismo se viram afetados pela queda dos preços internacionais da commodity e por um fluxo menor de visitantes à "disneylândia da esquerda" e suas paradisíacas praias caribenhas.
Também a Venezuela, principal financiador externo do regime, se vê afetada por problemas econômicos -e reduz sua ajuda à ilha.
Impedida de comercializar com os EUA, Cuba acumula dívidas com a União Europeia, que condiciona apoio e aprofundamento de relações bilaterais a avanços em direitos humanos. Entrou em cena, por fim, o único ator político cubano capaz de impor negociações ao regime: a Igreja Católica.
A libertação dos presos, a pressão europeia e o fortalecimento de instâncias críticas no país são fatos a celebrar. Mas não bastam para precipitar o desenlace da longa crise da ditadura socialista e o advento da democracia.
Pouco mudará na ilha sem que os EUA imponham seu peso econômico ao país. Faz tempo que os entraves comerciais a Cuba, implementados durante a Guerra Fria, se tornaram um instrumento para congelar a história.
O embargo passou a interessar ao castrismo, que o usa como justificativa. Nesse sentido, liberar viagens de americanos à ilha, como prevê projeto em análise nos EUA, poderá representar um passo importante para a mudança.


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