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CLÓVIS ROSSI
O polvo, a Copa e a economia
SÃO PAULO - Se eu fosse dono do
Fundo Monetário Internacional,
chamaria o polvo Paul para fazer as
previsões sobre a economia mundial que o Fundo divulga periodicamente. Afinal, na Copa do Mundo,
o bom Paul acertou todos os resultados até agora, ao passo que os
"senhores do universo", espalhados pelas mais badaladas consultorias do planeta, erraram todas.
Só a brasileira LCA ainda tem
chance de escapar do fiasco, pois
apostou na Espanha (assim mesmo
com muito leve vantagem sobre o
Brasil, já eliminado).
Acertar palpites sobre futebol é
difícil, eu sei, todo o mundo sabe.
Mas é muito mais difícil acertar palpites sobre o desempenho econômico de países. Do planeta todo,
nem se fala.
Afinal, na Copa, bastava adivinhar o desempenho de 736 atores
(23 jogadores vezes 32 seleções). Na
economia, são milhões, às vezes bilhões, de agentes ousando ou se
acovardando, poupando ou gastando -e por aí vai.
Não obstante, há um grupo de
economistas que dá palpites e finge
que está fazendo ciência. Tanto que
erram uma e mil vezes, mas voltam
a apostar -e os jornais publicam,
de novo, mansa e acriticamente, os
"chutes" de todos eles, como se fossem oráculos.
Claro que não me refiro a todos
os economistas, mas apenas aos
que insistem em fingir ciência no
que é tão científico quanto os palpites de Paul, o polvo.
Aliás, talvez esteja até sendo injusto com Paul. A "Deutsche Welle"
foi entrevistar Drosos Koutsoubos,
professor de Biologia Marinha da
Universidade do Egeu (Grécia). Seu
depoimento sobre Paul: "Esse grupo de animais se caracteriza por ter
um sistema nervoso bem desenvolvido, o que lhes dá a possibilidade
de desenvolver comportamento
avançado".
Nada disse nem lhe foi perguntado sobre o sistema nervoso de economistas-palpiteiros.
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