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VALDO CRUZ
Grana no colchão, sei não...
BRASÍLIA - Ter dinheiro em casa,
em tempos de tanta insegurança,
não é recomendável. Declarar isso
publicamente, então, é uma grande
imprevidência. Sem falar que soa
bastante estranho. Em alguns casos, diria até que suspeito.
Pois bem, ficamos sabendo que
existem muitos candidatos na eleição deste ano que têm o famoso "dinheirinho debaixo do colchão", algo comum no passado mas que, hoje em dia, é no mínimo desinteligente financeiramente.
Fico pensando comigo. Atualmente, político com dinheiro vivo
na mão é quase sinônimo de confusão. Basta dar uma olhada nos fatos
recentes envolvendo o escândalo
no governo do Distrito Federal, com
distribuição de grana documentada em vídeos.
Não estou aqui dizendo que todos os que declararam à Justiça
Eleitoral ter grana guardada em casa estão cometendo um ilícito. Primeiro, é legal. Desde que comprovem sua origem, claro. Agora, sinceramente, não é inteligente.
Por que não depositar o dinheiro
no banco e evitar que ele se desvalorize debaixo do colchão? Por que
não depositar e fugir de qualquer
constrangimento ou suspeita? Talvez porque não haja nada a esconder. Nesse caso, que tal um esclarecimento sobre a origem dessa grana
para eliminar dúvidas?
A lista dos que se declararam donos de dinheiro em casa vai de Dilma Rousseff (R$ 113 mil) a Orestes
Quércia (R$ 1,2 milhão), passando
por Aloysio Nunes Ferreira (R$ 50
mil) e Joaquim Roriz (R$ 160 mil). É
multipartidária. Ninguém pode sair
acusando tal partido de suspeito.
Agora, se fosse o contador desses
políticos, minha primeira sugestão
seria depositar a grana para assim
constar na declaração de renda. A
não ser que alguém tenha sugerido
"manter" um dinheirinho em casa
exatamente para cobrir alguma futura ilegalidade.
Sei não... Repetindo, não dá para
generalizar, dizer que todos são
suspeitos a partir de agora. Mas que
é estranho, lá isso é.
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