São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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VALDO CRUZ

Grana no colchão, sei não...

BRASÍLIA - Ter dinheiro em casa, em tempos de tanta insegurança, não é recomendável. Declarar isso publicamente, então, é uma grande imprevidência. Sem falar que soa bastante estranho. Em alguns casos, diria até que suspeito.
Pois bem, ficamos sabendo que existem muitos candidatos na eleição deste ano que têm o famoso "dinheirinho debaixo do colchão", algo comum no passado mas que, hoje em dia, é no mínimo desinteligente financeiramente.
Fico pensando comigo. Atualmente, político com dinheiro vivo na mão é quase sinônimo de confusão. Basta dar uma olhada nos fatos recentes envolvendo o escândalo no governo do Distrito Federal, com distribuição de grana documentada em vídeos.
Não estou aqui dizendo que todos os que declararam à Justiça Eleitoral ter grana guardada em casa estão cometendo um ilícito. Primeiro, é legal. Desde que comprovem sua origem, claro. Agora, sinceramente, não é inteligente.
Por que não depositar o dinheiro no banco e evitar que ele se desvalorize debaixo do colchão? Por que não depositar e fugir de qualquer constrangimento ou suspeita? Talvez porque não haja nada a esconder. Nesse caso, que tal um esclarecimento sobre a origem dessa grana para eliminar dúvidas?
A lista dos que se declararam donos de dinheiro em casa vai de Dilma Rousseff (R$ 113 mil) a Orestes Quércia (R$ 1,2 milhão), passando por Aloysio Nunes Ferreira (R$ 50 mil) e Joaquim Roriz (R$ 160 mil). É multipartidária. Ninguém pode sair acusando tal partido de suspeito.
Agora, se fosse o contador desses políticos, minha primeira sugestão seria depositar a grana para assim constar na declaração de renda. A não ser que alguém tenha sugerido "manter" um dinheirinho em casa exatamente para cobrir alguma futura ilegalidade.
Sei não... Repetindo, não dá para generalizar, dizer que todos são suspeitos a partir de agora. Mas que é estranho, lá isso é.


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