São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

A importância da Bienal de SP para o Brasil

HEITOR MARTINS


A Bienal cumpre o papel de promover o intercâmbio cultural, estimular o circuito artístico local e divulgar a arte brasileira no exterior


A 29ª Bienal de São Paulo, que ocorre entre 25 de setembro e 12 de dezembro, cumpre papel central no desenvolvimento da arte brasileira. Seu impacto transcende em muito o plano estritamente cultural.
Atuando como instrumento de educação e inserção social e servindo de alavanca para estimular a produção e o consumo de bens culturais, a Bienal é um importante catalisador da economia criativa e símbolo da modernidade não só de nossa cidade, mas do Brasil.
Criada em 1951, a Bienal foi a terceira instituição no mundo voltada para a arte contemporânea -anteriores, apenas o MoMA, em Nova York, e a Bienal de Veneza. Elo entre o Brasil e o cenário internacional, a Bienal cumpre desde então o papel de promover o intercâmbio cultural, estimular o circuito artístico local e divulgar a arte brasileira e o Brasil no exterior. O balanço de seus quase 60 anos de atuação é amplamente positivo.
Por aqui passaram e continuam a passar os principais artistas internacionais. A qualidade e a abrangência de nossa produção artística cresceram enormemente e nossos artistas ganharam projeção internacional. Nossa Bienal conquistou grande prestígio e é acompanhada com interesse pela comunidade artística mundial.
Em um país onde menos de 10% da população já visitou um museu, a Bienal, com sua escala monumental, privilegiada pelo pavilhão projetado por Oscar Niemeyer no Ibirapuera, é um importante mecanismo de acesso à arte. A cada dois anos, centenas de milhares de visitantes travam contato com a produção artística contemporânea.
Esse encontro, capaz de gerar sentimentos díspares, que vão do absoluto prazer à completa indignação, leva os visitantes a refletir sobre a arte e seu papel na sociedade. Nesse sentido, a Bienal deste ano está ancorada na ideia de ser impossível separar arte e política.
A Bienal tem ainda uma atuação pioneira no campo educativo. Para a edição de 2010, foram celebradas parcerias com as secretarias de Educação do Estado e do município de São Paulo e de cidades vizinhas e com inúmeras instituições privadas para capacitar mais de 25 mil educadores, de forma que eles possam trabalhar o tema da Bienal em sala de aula e posteriormente levar seus alunos ao pavilhão.
No total, espera-se mais de 400 mil visitas guiadas, o que o torna um dos mais abrangentes programas educativos já realizados no campo das artes. De difícil mensuração, o impacto econômico da Bienal é pouco discutido, mas não pode ser subestimado. A produção artística é uma das atividades de maior valor agregado na economia. A obra de arte materializa o capital intelectual.
Quanto maior valor as obras de arte de nossos artistas adquirem, maior a riqueza gerada para o país, e tal riqueza acaba sendo distribuída entre todos no mundo das artes -artistas, galerias, instituições culturais etc. Além disso, o circuito das artes é um incentivo ao turismo, haja vista os milhões de visitantes que instituições como Tate, em Londres, e Louvre, em Paris, atraem todos os anos.
Embora o eixo da Bienal seja dado pela arte, não se pode deixar de considerar seu impacto nos campos da educação, da cidadania e da economia.
O apoio incisivo que a Bienal vem recebendo do ministro da Cultura, assim como da Prefeitura de São Paulo, das empresas patrocinadoras e da sociedade civil resulta justamente do entendimento desse impacto ampliado.
Uma Bienal forte interessa a toda a sociedade, na medida em que permite que nossa cidade se posicione como um dos grandes polos mundiais de arte contemporânea, gerando riqueza, progresso e benefícios para todos.

HEITOR MARTINS é presidente da Fundação Bienal.


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