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GORDOS EXAGEROS
É de fato preocupante a epidemia mundial de obesidade. O
excesso de peso está associado a
doenças como hipertensão arterial,
dislipidemias e diabetes, que, pela alta prevalência, estão entre as que
mais matam. Pior, os números relativos à obesidade não cessam de
crescer, e a moléstia já atinge até a
população infantil. Assim, são compreensíveis e muitas vezes louváveis
as iniciativas para tentar conter a epidemia. Mas, como invariavelmente
ocorre nessas situações, não faltam
também os exageros.
Nos EUA, por exemplo, obesos já
processam cadeias de fast-food responsabilizando-as por seu sobrepeso. Até no Brasil há ações legislativas
para tentar regulamentar o mercado
de alimentos hipercalóricos.
Trata-se de um campo difícil de
normatizar. De um lado estão os legítimos interesses da saúde pública;
de outro, as liberdades do indivíduo.
As pessoas devem ter o direito de comer o que bem entenderem, ainda
que com isso possam produzir algum risco para a própria saúde.
Cumpre ao poder público apenas tomar as medidas necessárias para que
os cidadãos possam fazer suas escolhas informada e conscientemente.
Faz sentido requerer que fabricantes de alimentos informem o valor
calórico e nutricional de seus produtos. Essa exigência, que já existe para
alimentos industrializados, poderia
ser estendida para setores como redes de lanchonetes.
Tão importante quanto informar é
tentar disseminar na população uma
cultura nutricional, o que passa por
um processo educacional mais lento. Embora quase todo mundo saiba
que doces engordam, poucos têm
consciência de que existem diversos
tipos de gordura, algumas de menor
risco do que outras. É no campo da
informação e da educação que é preciso operar, sem recorrer a remédios
extremos como a limitação de vendas ou da publicidade.
Gostem os médicos ou não, as pessoas têm o direito de tomar decisões
que vão contra a sua saúde, principalmente se isso lhes proporciona
prazer. Uma vida totalmente asséptica pode ser, no limite, uma vida que
não vale a pena ser vivida.
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