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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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GORDOS EXAGEROS

É de fato preocupante a epidemia mundial de obesidade. O excesso de peso está associado a doenças como hipertensão arterial, dislipidemias e diabetes, que, pela alta prevalência, estão entre as que mais matam. Pior, os números relativos à obesidade não cessam de crescer, e a moléstia já atinge até a população infantil. Assim, são compreensíveis e muitas vezes louváveis as iniciativas para tentar conter a epidemia. Mas, como invariavelmente ocorre nessas situações, não faltam também os exageros.
Nos EUA, por exemplo, obesos já processam cadeias de fast-food responsabilizando-as por seu sobrepeso. Até no Brasil há ações legislativas para tentar regulamentar o mercado de alimentos hipercalóricos.
Trata-se de um campo difícil de normatizar. De um lado estão os legítimos interesses da saúde pública; de outro, as liberdades do indivíduo. As pessoas devem ter o direito de comer o que bem entenderem, ainda que com isso possam produzir algum risco para a própria saúde. Cumpre ao poder público apenas tomar as medidas necessárias para que os cidadãos possam fazer suas escolhas informada e conscientemente.
Faz sentido requerer que fabricantes de alimentos informem o valor calórico e nutricional de seus produtos. Essa exigência, que já existe para alimentos industrializados, poderia ser estendida para setores como redes de lanchonetes.
Tão importante quanto informar é tentar disseminar na população uma cultura nutricional, o que passa por um processo educacional mais lento. Embora quase todo mundo saiba que doces engordam, poucos têm consciência de que existem diversos tipos de gordura, algumas de menor risco do que outras. É no campo da informação e da educação que é preciso operar, sem recorrer a remédios extremos como a limitação de vendas ou da publicidade.
Gostem os médicos ou não, as pessoas têm o direito de tomar decisões que vão contra a sua saúde, principalmente se isso lhes proporciona prazer. Uma vida totalmente asséptica pode ser, no limite, uma vida que não vale a pena ser vivida.



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