São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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Contraste

QUATRO anos depois da gravíssima crise financeira por que o Brasil passou -no ciclo eleitoral que culminou na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva-, o país vive uma situação contrastante. Todos os indicadores externos da economia brasileira, que estavam deteriorados em níveis inéditos em 2002, agora batem recordes positivos.
O risco-país -um dos parâmetros mais utilizados pelos investidores internacionais para imputar uma probabilidade de insolvência externa a uma determinada nação- está próximo dos 200 pontos. Significa que os títulos da dívida brasileira pagam um prêmio extra de dois pontos percentuais em relação aos papéis de referência do Tesouro dos Estados Unidos.
No auge da deterioração financeira ocorrida no processo eleitoral de 2002, o risco-Brasil chegou a ultrapassar os 2.400 pontos. A dívida do país era sobretaxada em 24 pontos percentuais, algo que apenas ocorre quando se vislumbra um calote.
O clima de tranqüilidade, quatro anos depois, está associado sobretudo à fartura de capitais no mundo, advinda de juros internacionais baixos e de um ciclo excepcional de crescimento da economia global, à forte expansão das exportações do Brasil e à estratégia de desendividamento externo do Tesouro Nacional.
Trata-se de um cenário estruturalmente benigno, que amplia os horizontes das empresas e autoridades econômicas brasileiras. O excesso de dólares, porém, também produz alguns efeitos adversos que, se não forem geridos corretamente, inibirão a desejada aceleração da até aqui esquálida taxa de crescimento da economia brasileira.
O alto custo fiscal da aquisição de reservas pelo Banco Central -dada a taxa doméstica de juros elevada- é um dos principais problemas que ainda precisam de melhor equacionamento.


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