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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

A terceira guerra

RIO DE JANEIRO - Em 2001, na odisséia do 11 de Setembro, que não foi no espaço, mas aqui mesmo na Terra, o terrorismo espantou o mundo todo com o sucesso quase completo de uma ação criminosa inédita na história. Toneladas de análises foram e continuam sendo feitas e, com a perspectiva limitada de apenas dois anos, já podemos chegar não a conclusões, mas a reflexões.
Na data de hoje, o nome e a foto de Bin Laden voltarão às TVs e aos jornais, mas a verdade é que, no último ano, o vilão da vez foi Saddam Hussein, que, tudo leva a crer, não teve participação direta no atentado, a não ser a de aplaudir a façanha dos terroristas e, talvez, a de dar alguma ajuda logística à operação.
Mas não foi isso -a possível colaboração com o 11 de Setembro- que provocou a invasão do Iraque. Uma guerra absurda, que ainda não acabou, foi feita contra ele, acusado de ter armas e intenções para a destruição do mundo ocidental. Enquanto isso, em alguma caverna do Afeganistão, ou, quem sabe, em alguma cidade do mundo árabe, Bin Laden foi rebaixado na hierarquia dos inimigos da humanidade.
Passados dois anos, pode-se dar razão aos que consideraram o 11 de Setembro como o início da terceira guerra mundial. Uma guerra sem fronts, sem trincheiras, sem movimentação de tropas e sem armamentos, uma guerra tecnológica, de informações e contra-informações, de estragos inicialmente localizados em Nova York, Washington e Bagdá.
Uma guerra em que as batalhas não se travam num território específico, com alvos previamente definidos. Tanto os terroristas podem atacar em Los Angeles ou em Londres como o Pentágono pode declarar que o inimigo a ser destruído é Arafat ou Chávez.
Ao se iniciar a Segunda Guerra Mundial, o mundo ficou espantado com o duelo entre os tanques nazistas e a cavalaria polonesa. Uma guerra que durou cinco anos.
A terceira faz hoje dois anos e mal começou.


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