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CARLOS HEITOR CONY
A terceira guerra
RIO DE JANEIRO - Em 2001, na odisséia do 11 de Setembro, que não foi no
espaço, mas aqui mesmo na Terra, o
terrorismo espantou o mundo todo
com o sucesso quase completo de
uma ação criminosa inédita na história. Toneladas de análises foram e
continuam sendo feitas e, com a perspectiva limitada de apenas dois anos,
já podemos chegar não a conclusões,
mas a reflexões.
Na data de hoje, o nome e a foto de
Bin Laden voltarão às TVs e aos jornais, mas a verdade é que, no último
ano, o vilão da vez foi Saddam Hussein, que, tudo leva a crer, não teve
participação direta no atentado, a
não ser a de aplaudir a façanha dos
terroristas e, talvez, a de dar alguma
ajuda logística à operação.
Mas não foi isso -a possível colaboração com o 11 de Setembro- que
provocou a invasão do Iraque. Uma
guerra absurda, que ainda não acabou, foi feita contra ele, acusado de
ter armas e intenções para a destruição do mundo ocidental. Enquanto
isso, em alguma caverna do Afeganistão, ou, quem sabe, em alguma cidade do mundo árabe, Bin Laden foi
rebaixado na hierarquia dos inimigos da humanidade.
Passados dois anos, pode-se dar razão aos que consideraram o 11 de Setembro como o início da terceira
guerra mundial. Uma guerra sem
fronts, sem trincheiras, sem movimentação de tropas e sem armamentos, uma guerra tecnológica, de informações e contra-informações, de
estragos inicialmente localizados em
Nova York, Washington e Bagdá.
Uma guerra em que as batalhas
não se travam num território específico, com alvos previamente definidos. Tanto os terroristas podem atacar em Los Angeles ou em Londres
como o Pentágono pode declarar que
o inimigo a ser destruído é Arafat ou
Chávez.
Ao se iniciar a Segunda Guerra
Mundial, o mundo ficou espantado
com o duelo entre os tanques nazistas e a cavalaria polonesa. Uma
guerra que durou cinco anos.
A terceira faz hoje dois anos e mal
começou.
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