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FERNANDO GABEIRA
Pré-sal, pré-história
RIO DE JANEIRO - O pré-sal não
é mais urgente. Confesso que fiquei
aliviado com a notícia. Os quatro
projetos não tratam do meio ambiente. Independente disto, tenho
mais dúvidas do que certezas sobre
outros aspectos, tais como o modelo de exploração.
A lacuna do meio ambiente é escandalosa neste princípio de século, às vésperas da Conferência do
Clima. Há uma referência ao tema
entre os setores que vão receber dinheiro do fundo. Isto é o hábito no
Brasil: faz-se um projeto complicado, prevê-se um dinheirinho para o
meio ambiente e pronto.
Acontece que há inúmeros pontos a serem discutidos para algo de
tão longo prazo. A primeira questão
é saber se este tipo de exploração libera mais emissões de CO2 ou outros gases de efeito estufa. Em caso
positivo, o que fazer com essas toneladas extras de dióxido de carbono? Taxá-las para um Fundo de
Mudanças Climáticas?
Por acaso estas emissões terão
influência específica nas correntes
marinhas, consideradas um ponto
sensível no aquecimento global e
que, uma vez alterado, transforma
o processo em algo perigoso?
Que modelo de monitoramento
ambiental vamos utilizar? Não seria interessante dar uma olhada no
que existe no mundo? Há cerca de
seis semanas tento fazer uma audiência pública sobre uma nova
técnica de armazenamento de dióxido de carbono. Esta técnica é chamada de armazenamento de carbono por injeção. A indústria do petróleo já se prepara para usá-la
aqui. Mas só existe legislação na
Austrália. Não dá para aplicar mecanicamente.
Estou evitando mencionar que o
campo de Jubarte está no Parque
das Baleias. Daria um pretexto
mais volumoso do que a perereca
para a ironia de Lula.
Se pensam que vão vender óleo a
partir da devastação ambiental, estão enganados. Sem urgência, têm
mais chance de se dar conta.
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