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CAÇA AO TESOURO
A temporada de caça ao Tesouro está reaberta no Brasil.
Alcançadas as metas de ajuste fiscal
definidas em conjunto com o FMI,
vários setores parecem dispostos a tirar vantagem da situação.
O primeiro e principal exemplo,
supostamente já contando até com
uma portaria engavetada no Ministério da Fazenda, é o da isenção da
CPMF nas aplicações em Bolsas de
Valores. A perda de arrecadação, no
entanto, teria de ser compensada por
outros contribuintes, segundo advertência do secretário da Receita Federal, Everardo Maciel.
Há outras demandas dirigidas contra os cofres públicos. O ministro
das Comunicações, Pimenta da Veiga, defende por exemplo que o ICMS
incidente sobre o setor de telecomunicações seja reduzido de 25% para
15%. Aponta a carga fiscal menor sobre o setor em outros países.
O fato é que a arrecadação federal
tem permanecido estável como proporção do PIB e a renda per capita
tem caído no país. Os dados sugerem, portanto, que está em curso um
processo de transferência de riqueza
da sociedade para o Estado que não
tem contrapartida em melhorias no
bem-estar da sociedade.
Isentar de um imposto as Bolsas de
Valores não parece o melhor caminho para reparar a injustiça tributária
predominante. Não está provado
que o subdesenvolvimento do mercado de capitais brasileiro tenha na
CPMF um obstáculo decisivo.
O caminho adequado para enfrentar as questões da equidade e da eficácia do sistema tributário brasileiro
seria o de uma ampla reforma. Em
vez do casuísmo, uma reforma exigiria mobilização da sociedade e debate no Congresso Nacional.
São iniciativas que o governo federal tem evitado. Talvez porque tema
perder sua própria participação no
bolo da arrecadação nacional.
No entanto, é legítimo buscar reduções de impostos para qualquer
setor da economia. O que não tem legitimidade é o atendimento casuísta
a uma ou outra dessas propostas.
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