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FERNANDO RODRIGUES
O dossiê que nunca acaba
BRASÍLIA - Houve escândalos mais comprovados, mas o do dossiê Caribe
parece ser o mais persistente do governo FHC.
A penumbra que o envolve, o desejo
aparente de abafar o caso e as reportagens que saem de vez em quando
ajudam a aumentar o suspense.
Os repórteres Kennedy Alencar e
Marcio Aith desencavaram outra peça desse quebra-cabeça. As transcrições de conversas telefônicas de gente
envolvida com o caso.
O que mais chama a atenção é um
dos vendedores do material dizer haver mais de um dossiê. O verdadeiro,
afirma, estaria em seu poder. Pode
ser apenas outra mentira.
O FBI apreendeu montanhas de
papéis nos escritórios da gentalha de
Miami. Há colaboração informal entre o governo dos EUA e o brasileiro
em casos de corrupção internacional.
Uma análise desse material esclareceria grande parte do mistério.
É curioso que o lado brasileiro comporte-se de forma abúlica para resolver de uma vez esse assunto.
Bastaria um telefonema do diretor
da Polícia Federal brasileira para alguém nos EUA. O acesso ao material
seria franqueado às autoridades do
governo de FHC.
É possível que esses procedimentos
já tenham sido tomados. Nesse caso,
não faz sentido perder tempo e não
colocar um ponto final na história,
retirando de uma vez esse esqueleto
do armário.
A propósito, esclareço a razão de ser
"dossiê Caribe", e não "dossiê Cayman". Primeiro, a empresa citada está nas Bahamas. Segundo, Cayman e
vários outros países caribenhos são
mencionados sem maiores detalhes.
No mais, a conta bancária desse papelório nem está no Caribe. Há apenas menção a uma conta na Suíça,
num banco de investimento de origem inglesa. O saldo em 31 de julho
de 98 era de US$ 352,9 milhões.
São dúvidas que podem ser esclarecidas por quem tem poder para isso.
E, sobretudo, interesse em deslindar a
trama. Trata-se, é claro, de FHC.
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