São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2000

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FERNANDO RODRIGUES
O dossiê que nunca acaba

BRASÍLIA - Houve escândalos mais comprovados, mas o do dossiê Caribe parece ser o mais persistente do governo FHC.
A penumbra que o envolve, o desejo aparente de abafar o caso e as reportagens que saem de vez em quando ajudam a aumentar o suspense.
Os repórteres Kennedy Alencar e Marcio Aith desencavaram outra peça desse quebra-cabeça. As transcrições de conversas telefônicas de gente envolvida com o caso.
O que mais chama a atenção é um dos vendedores do material dizer haver mais de um dossiê. O verdadeiro, afirma, estaria em seu poder. Pode ser apenas outra mentira.
O FBI apreendeu montanhas de papéis nos escritórios da gentalha de Miami. Há colaboração informal entre o governo dos EUA e o brasileiro em casos de corrupção internacional. Uma análise desse material esclareceria grande parte do mistério.
É curioso que o lado brasileiro comporte-se de forma abúlica para resolver de uma vez esse assunto.
Bastaria um telefonema do diretor da Polícia Federal brasileira para alguém nos EUA. O acesso ao material seria franqueado às autoridades do governo de FHC.
É possível que esses procedimentos já tenham sido tomados. Nesse caso, não faz sentido perder tempo e não colocar um ponto final na história, retirando de uma vez esse esqueleto do armário.
 
A propósito, esclareço a razão de ser "dossiê Caribe", e não "dossiê Cayman". Primeiro, a empresa citada está nas Bahamas. Segundo, Cayman e vários outros países caribenhos são mencionados sem maiores detalhes.
No mais, a conta bancária desse papelório nem está no Caribe. Há apenas menção a uma conta na Suíça, num banco de investimento de origem inglesa. O saldo em 31 de julho de 98 era de US$ 352,9 milhões.
São dúvidas que podem ser esclarecidas por quem tem poder para isso. E, sobretudo, interesse em deslindar a trama. Trata-se, é claro, de FHC.



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