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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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MENOS ARMAS

O governo dos EUA está coberto de razão ao preocupar-se com armas de destruição em massa. É de fato inquietante a perspectiva de que artefatos nucleares, químicos e biológicos possam cair em mãos de terroristas. Essa mesma preocupação, infelizmente, não se repete quando a questão são as armas leves de fogo. Muito pelo contrário, os EUA vêm criando embaraços às tentativas da ONU de limitar o comércio de armamento de pequeno calibre.
Como mostra relatório assinado pelas ONGs Anistia Internacional, Oxfam e Rede Internacional de Ação contra Armas Leves, esse tipo de instrumento responde por cerca de 500 mil mortes por ano em todo o mundo. Isso equivale a um óbito por minuto. Para efeitos de comparação, vale lembrar que bombas nucleares foram empregadas apenas duas vezes na história (e pelos Estados Unidos, consigne-se) e que a utilização de material químico e biológico também tem sido esporádica. Se o que importa é o número de mortos produzidos a cada ano, então é o armamento de pequeno porte que deveria ostentar o pomposo título de "armas de destruição em massa".
O Brasil, infelizmente, aparece em lugar de destaque no relatório. Por aqui, armas de fogo fazem 40 mil vítimas anuais. É uma morte a cada 13 minutos. Com 3% da população mundial, o país responde por 8% do total de óbitos. É uma carnificina, por qualquer ângulo que se analise.
A situação apenas reforça a necessidade de que o Congresso finalmente aprove novas restrições à venda e ao porte de armas. Esta Folha defende o direito do cidadão possuir arma em sua casa, mas é partidária de critérios mais rigorosos para o porte e a venda. Ninguém deve se iludir acreditando que a medida resolverá o problema da violência, mas é certo que ela tenderá a reduzir os casos de assassinatos por motivos fúteis, que representam uma importante parcela do total de homicídios.


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