|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
Diretores indicados
O BRASIL cumpre à risca a
receita do fracasso escolar. Professores mal preparados, estruturas esclerosadas, alunos desmotivados. Para piorar, permite-se que políticos
indiquem diretores de escolas.
Estudo feito com base em dados do Saeb 2003 (exame do governo federal), realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, mostra que 45%
dos diretores de escola chegam a
seus cargos por meio de indicações de deputados, vereadores,
prefeitos, secretários etc.
Não faz sentido levar para o comando de uma escola alguém cujo vínculo com o sistema educacional é incerto. Mais grave ainda é trocar essa pessoa em razão
de contingências da política partidária ou do calendário eleitoral. Tudo conspira contra as
idéias de competência e continuidade, fundamentais para o
bom desempenho de um colégio.
Não é, pois, surpresa que alunos de instituições dirigidas por
apadrinhados políticos se saiam
significativamente pior em exames que avaliam a qualidade do
ensino. As más notícias, contudo, não param por aí. Outros
43% dos diretores são escolhidos
por eleições, que podem incluir
alunos, pais, funcionários. Sabe-se lá o que prometem na "campanha" para conquistar o posto. O
rol dos males do democratismo
ainda está por ser escrito.
Apenas 6,3% são definidos por
instrumentos mais razoáveis de
seleção como concursos públicos. O destaque positivo é a rede
estadual paulista, na qual todos
os diretores são escolhidos com
base em sistema de mérito.
Decerto a forma de escolha do
diretor não é garantia absoluta
de qualidade. Mas é mais provável conseguir bons profissionais
recorrendo a avaliações de competência técnica e gerencial. É
preciso que o Congresso aprove
uma lei que determine a realização de concurso na escolha de diretores de escolas públicas.
Texto Anterior: Editoriais: Quem dá menos Próximo Texto: Montreux - Clóvis Rossi: Elites Índice
|