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Editoriais
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Revés para Berlusconi
A DECISÃO do Tribunal
Constitucional italiano de
anular a lei que dispensava o premiê, Silvio Berlusconi, de
responder à Justiça por acusações de fraude fiscal e corrupção
foi bem recebida pela opinião
pública europeia e americana.
Já na Itália, cujo eleitorado, em
sua maioria, tem sustentado as
extravagâncias do premiê, a decisão apenas reforçou a polarização no campo político.
Berlusconi representa uma figura forte, bem-sucedida e autêntica aos olhos da parte da sociedade italiana que busca refúgio no conservadorismo e na xenofobia para enfrentar fragilidades e espantar fantasmas. Com o
carisma e o desassombro que caracterizam os líderes providenciais, o premiê tem sido hábil em
se aproveitar das crônicas deficiências do sistema político italiano para apontar os imigrantes
e a esquerda como responsáveis
pelos problemas nacionais.
Ao mesmo tempo em que reflete o conservadorismo de uma
vasta classe média ameaçada pela letargia econômica, o premiê
reforça os traços racistas e provincianos de um país que, ironicamente, foi generosa fonte de
migração para as Américas. Uma
nação, ademais, que soube fixar
no mundo a imagem de sofisticação, criatividade e simpatia.
A anulação da lei não mudará,
no curto prazo, o panorama político da Itália -que em pleitos recentes se inclinou pelas forças
que sustentam Berlusconi. Mais
do que uma péssima notícia para
o premiê, a decisão da corte é
uma demonstração convincente
e alvissareira de que a democracia italiana sabe se defender.
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