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FERNANDO RODRIGUES
Igrejas X internet
BRASÍLIA - A internet ganhou de
lavada das igrejas na eleição deste
ano. Ainda bem. Um sinal de que o
Brasil não está assim tão mesozoico
como sugerem os comerciais religiosos de Dilma Rousseff (PT) e de
José Serra (PSDB). O tucano chegou
a mostrar ontem uma foto de quando fez a primeira comunhão.
Na pesquisa Datafolha realizada
na última sexta-feira, o instituto indagou aos eleitores sobre a influência de igrejas e da rede mundial de
computadores na política.
Dos 94% dos eleitores que declaram ter religião, só 3% afirmam ter
recebido alguma orientação de sua
igreja para não votar em algum
candidato a presidente.
Já entre o total dos eleitores brasileiros, 14% foram alvo de mensagens negativas enviadas por meio
da internet contra os postulantes ao
Palácio do Planalto.
Ou seja, muito mais brasileiros tiveram contato com propaganda negativa na internet do que assistindo
a um culto religioso. É uma boa notícia. O país estaria regredindo séculos se os eleitores majoritariamente submetessem suas convicções eleitorais a prescrições vindas
de padres e pastores.
Embora essa guerra de propaganda negativa tenha sido limitada
a uma parcela minoritária, houve
consequências. A maior derrotada
foi Dilma Rousseff. Mesmo em pequena quantidade, os conselhos religiosos foram todos tangendo o fiel
a rejeitar a petista nas urnas. No final, 1% do eleitorado acabou mudando de voto por causa da orientação recebida.
No caso da internet, o número de
eleitores que recebeu mensagens
anti-Dilma superou em mais de três
vezes todos os que leram propaganda anti-Serra.
Curiosamente, esse movimento
de subtração de votos da petista
não desaguou de forma automática
no tucano. Muitos se tornaram indecisos. Por enquanto, parecem
inescrutáveis. O rumo dessa categoria de "eleitor-pêndulo" será vital na escolha do sucessor de Lula.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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